A Covardia Diante da Vida

Somos covardes, sim todos nós somos covardes! Mas não diante das agruras da vida, não tememos as escuras ruas nem mesmo as avenidas apinhadas de perigos e carros descontrolados, não, disso não temos medo! Não tememos enfrentar os perigos do desconhecido espaço, ou nos lançarmos de um penhasco em um salto mortal rumo á liberdade que um pedaço de corda e alguns elásticos nos proporcionam. Não, não é diante de um réptil peçonhento que nosso medo aflora, nem mesmo diante de um pelotão de fuzilamento ou do abandono do nosso primeiro amor...

Para essas e várias outras coisas, somos corajosos, valentes, impetuosos, verdadeiros guerreiros espartanos que vão á luta com o corpo como escudo e nada mais!

Mas nos acovardamos diante desse bem maior, dessa preciosidade imensurável chamada vida. E esse acovardamento começa logo que deixamos de ser crianças, quando a vida extraordinária vida nos olha nos olhos e diz 'eis me aqui' o medo começa!

Tremendo e tamanho medo se apodera daquele corpo outrora invencível que nos deixa de joelhos, e tremendo!

Tememos tanto a vida, a verdadeira vida que nos foi apresentada na mais tenra infância e a tememos pois ela é simples demais, é tola e ingênua demais, nessa vida não há orgulho e nem ostentação, não há mentiras ou inveja, luxo, glamour, roupas caras para serem exibidas e nunca usadas de verdade, não há carros velozes que não podem ultrapassar os limites de velocidade, não há nada além da simplicidade da vida!

Somos covardes, tão covardes que arrumamos um emprego que odiamos e nos convencemos que é o emprego dos sonhos, porque ele nos proporciona o prazer de estarmos cada vez mais ocupados e distantes de nós mesmos, mas é uma bênção! mesmo que comecemos a semana sonhando com o fim da mesma.

Somos covardes pois entregamos nossos corações e corpos à qualquer um como se fôssemos uma carga de restos orgânicos, covardes pois pulamos de um relacionamento para o outro quando o "tesão" acaba, sem ao menos importarmo-nos com os sentimentos alheios, e nos casamos por interesse, financeiro ou afetivo e quase nunca por amor! Somos covardes pois geramos filhos num mundo doente e não queremos abrir mão de nossas vidas para criá-los.

Somos covardes, pois ocupamos nossos dias com milhões de distrações para não termos que encarar a vida, pois não saberíamos vivê-la na sua mais pura essência!

Dan Pérignon
Enviado por Dan Pérignon em 19/12/2020
Reeditado em 19/12/2020
Código do texto: T7139460
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