O MERCADO MUNICIPAL DE SÃO VICENTE

O Mercado Municipal de São Vicente.

A Praça João Pessoa, onde hoje ficam as instalações da Vila Histórica de São Vicente, era o local que nossa turma da Pracinha se reunia quando não estava jogando futebol na Praça Bernardino de Campos. Era uma espécie de centro alternativo da cidade e normalmente tinha bastante movimento de pessoas, carros, bondes das linhas 2 e 22, ônibus, caminhões de peixes e hortifrutigranjeiros. O Mercado Municipal de São Vicente era o principal motivo de tanto concentração de atividades. Ali as pessoas encontravam peixes e frutos do mar frescos, carnes, frutas, verduras, legumes, roupas, panelas e louças, cereais, brinquedos e outras mercadorias. Tudo que hoje encontramos em um supermercado as pessoas encontravam no Mercado Municipal de São Vicente, com a diferença que a qualidade dos alimentos era muito melhor do que compramos hoje. Para mim, o destaque era o grande mercado de peixes, em minha opinião bem melhor que o recém inaugurado em Santos. As bancas e os galpões de peixe eram em granito organizados em fileiras. Diariamente, na madrugada, chegavam os caminhões de peixes e frutos do mar pescados no mesmo dia ou no dia anterior. O local era movimentado, e as bancas de peixe, em sua maioria, pertenciam a nisseis. De manhã, ir à peixaria do Mercado Municipal era um prazer. Aquela japonezada trabalhadora, preparando os pescados para colocar nos balcões me fascinava. Todos de botas e luvas brancas de borracha, aventais brancos e os grandes caixotes de plástico (uma novidade na época) carregados de peixes, polvos, ostras, mariscos, lulas, garoupas enormes, cações, sardinhas. Tudo fresquinho. Assim que o Mercado abria, apareciam os fregueses: donas de casa, empregadas, senhores, donos de restaurantes e outras peixarias, e escolhiam o que comprar, para consumo próprio ou revender. Normalmente, lá pelas dez da manhã, uma multidão ocupava a peixaria, escolhia o que comprar para o dia, pois na manhã seguinte haveria mais produtos frescos. A seguir, era só ir às outras instalações e comprar demais ingredientes p/ara as refeições do dia ou algum produto tipo filtro de café de pano, ou um tempero, uma boa faca de cozinha, que estavam precisando em casa. Os irmãos Yamaúti na época já se destacavam e, além das bancas do Mercado, possuíam uma grande peixaria e fábrica de gelo na Rua Japão, ao lado da São Vicente Praia Clube.

Lamento a falta de amor e visão dos governantes por transformarem esse monumento de São Vicente em um amontoado de botecos sem glamour, hoje totalmente abandonado.

Paulo Miorim 19/12/2020