RISCOS NO CHÃO – DESAFIOS E ENSINAMENTOS
UMA pequena e delicada mão risca o chão, não muito distante outra também faz o mesmo. São elas das crianças, as meninas riscam o chão para brincar o jogo da amarelinha, os meninos para brincar o jogo de bolinha de gude. Essas são lembranças da maioria de nós adultos de uma época inesquecível de criança. Sequer imaginávamos da importância que teriam para as nossas vidas aqueles riscos feitos ao chão.
Acredita-se que amarelinha teria sido inventada pelos romanos, já que gravuras mostram crianças brincando de amarelinha nos pavilhões de mármore nas vias da Roma antiga. Na época, o percurso carregava o simbolismo da passagem do homem pela vida. Por isso, em uma das pontas escrevia-se céu e, na outra, inferno. Quanto ao Jogo de Gude, também há registros da brincadeira no Império Romano, inclusive entre adultos.
No jogo da amarelinha, as meninas pulam de uma casa a outra, às vezes com um pé, outras com os dois. Perde se pisar na linha. Ganha quem terminar de pular todas as casas em primeiro. No jogo dos meninos cada bolinha colocada no triângulo pertence a um jogador. Risca-se uma linha abaixo do triângulo e, a uma distância de três metros ou um pouco menos, cada criança joga uma bolinha. Quem acertar mais perto da linha joga primeiro; se acertar a bolinha do que jogou antes, fica com ela.
No jogo dos meninos, vez que outra, ocorria desentendimento entre os jogadores, havia o empurra-empurra, não tardava que um terceiro menino, normalmente um maior que gostava de ver briga, fazia imediatamente um risco no chão entre os dois jogadores discordes e pronto, já estava feito o “desafio”. Na maioria das vezes, a briga terminava com um desistindo, era apartada ou se brigava até se cansar.
Não sabíamos nós que os riscos feitos ao chão e que serviam para os jogos de brincadeiras, na realidade nos treinavam e nos preparavam para a vida. Era o jogo da vida. As meninas pulavam de casa em casa na amarelinha, às vezes até com um só pé para chegarem ao céu e ganhar o jogo. Os meninos tinham que cuidar para não passar a linha divisória ao lançar a bolinha de gude. Atualmente não difere, eis que em riscos imaginários tanto as mulheres quanto os homens continuam pulando, cuidando para não ultrapassar as linhas divisórias do bom senso, driblando como craque as dificuldades do dia a dia, para tanto, para conseguirmos fazer o gol e chegar à vitória, só mesmo fazendo tabela com o grande Mestre, Ele que também um dia com o dedo riscou o chão e escreveu: “quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Pouco a pouco, todos se retiram, a começar pelos mais velhos. Certamente Ele escrevia no chão os pecados de toda a humanidade, inclusive, os meus e os teus. Não resta dúvida quão importante os riscos no chão para o percurso de nossa vida. Como no jogo da amarelinha precisamos vencer para ganhar o céu. UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO A TODOS, COM A GRATIDÃO DE TERMOS CHEGADO ATÉ AQUI.