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“ei, menino, e ocê?? Acha U QUÊ desse presidente que tá aí?!”
- Ah… Eu seeeiii LÁ.

Ele parou e respirou... Estávamos ofegantes, sentados num meio-fio sob um calor de 32 graus às três da tarde… Chapada Diamantina, Bahia, pedras... pedras queimando abaixo de nós… Paredes e muros ardendo. Eu sacudia as pernas inquieto, segurando a máscara que arriscava deslizar e mostrar meu nariz. Ele mantinha a sua máscara abaixo do queixo…

- “O povo fica dizendo que ele é mau. Eu num acho que ele é mau não!”.
- Ó Fulano... todos os políticos são maus. - Respondi sem paciência - Os outros que foram… Esse que tá agora… Os do passado... Todos são pessoas ruins, eu acho.
- “Ah mas esse aí faz pelo povo…Ele é mió…”
- Hum-rum… - Eu respondi enquanto me levantava.

Apenas fechei os olhos por alguns instantes. Depois levei a mão até a testa pra conseguir – naquele sol inclemente – enxergar a minha própria casa por dentro.

- Vamo lá? (eu tinha que pagá-lo por um serviço prestado)
- “Vamo…” - E também se levantou.
- “Eu comprei um terreno no bairro ‘A’. A mulher mim procurou e disse: ‘aqui não é lugar pra GENTE COMO VOCÊ!!’ E me deu uma casa grande no bairro ‘Z’! Foi até milhor...”.

Eu pensava em entrar e me livrar do sol que me castigava. Enquanto ele me contava sobre um bairro cuja esta gente "como ele” mesmo juntando dinheiro e comprando uma casa, ou terreno... ainda assim não poderiam morar.