ANAMNESE
Revisitei meu mundo-casa. Revirando um saco gigante e empoeirado, eu sorri depois do espirro. Tomei fôlego, depois do primeiro acesso e me embriaguei, antes do último. Já imaginou viver sóbrio? Numa sanidade que também enlouquece, de uma possibilidade que desatina? Eu não. Engraçado pensar em possibilidades, porque nesse meu mundo-casa existe um mar delas. Entrei num quarto-amor, vi nas paredes um laranja incrível, só está manchado por conta da umidade. Aqui, ainda me apego à esperança de um “oi” seguido de um sorriso conhecido. Procuro um espelho nesse quarto, namoro a ideia de um encontro comigo, estando consciente em mim, mas terceirizo. Dum encontro-saudade veio o “Oi, tudo bem?”, pra uma noite inteira, um “continua me contando”, enquanto me maltratava o corpo; aquele “não quero ficar longe” vindo de olhos atentos, pedintes… Uau! Em mais um acesso, suspiro limpando o rosto. Sabe aquelas visitas que demoram dias pra ir embora, e era até bom, mas cansou? Eu era a visita. Revivendo esse mundo-casa é como se eu estivesse só… aqui. Só aqui! Daí volto ao cômodo em que giro, giro, tonta e com vertigem tendo os pés plantados no chão.