Raízes históricas de Guardinha
O distrito de Guardinha, vinculado ao município de São Sebastião do Paraíso, sudoeste mineiro, foi criado há quase um século, pela lei estadual no 843, de 07 de setembro de 1923. Essa lei instituiu uma ampla reforma política administrativa em Minas Gerais, quando o Estado era governado por Raul Soares de Moura, seguindo a linha do extinto Partido Republicano Mineiro. Naquele momento, o ilustre paraisense Noraldino Lima estava iniciando sua carreira política em Belo Horizonte, sempre em sintonia com as principais lideranças da referida legenda. Na mesma legislação foram criados, entre outros, os municípios de São Tomás de Aquino, desmembrado do município de São Sebastião do Paraíso, assim como o de Arari (atual Itamogi), sendo esse último desmembrado do município de Monte Santo de Minas. A mesma lei criou ainda o distrito de Capetinga vinculado a São Sebastião do Paraíso.
Mas as raízes históricas do povoado de Guardinha remontam ao final do século XIX, sendo a construção da capela atribuída ao fazendeiro Francisco Daniel da Silva. A localização geográfica de proximidade com a fronteira entre Minas e São Paulo, ao lado do imponente Morro da Mesa, outrora, foi uma condição determinante e estratégica para a origem do povoado e para a chegada dos primeiros moradores.
No jornal A Notícia, do Rio de Janeiro, edição de 24 de outubro de 1897, consta a notícia do falecimento, ocorrido naquele nascente povoado, do fazendeiro Francisco Potenciano, de conhecida grande família radicada em São Sebastião do Paraíso. Pouco mais de uma década, a inauguração da Estação da Estrada de Ferro São Paulo e Minas, ocorrida a 17 de setembro de 1910, trouxe progresso para o povoado, atraindo novos moradores e ampliando o comércio. No ano seguinte, rivalidades momentâneas na velha política do café com leite levaram o extinto Congresso Estadual de Minas Gerais a autorizar o governo mineiro a “encampar” a parte da referida ferrovia que adentrava ao município de São Sebastião do Paraíso. Mas essa ideia, desprovida de qualquer amparo constitucional, não foi concretizada, conforme publicou o jornal Correio Paulistano, de São Paulo, edição de 6 de setembro de 1911.
Há mais de um século, nas proximidades do povoado, mas do lado pertencente ao Estado de São Paulo, estava funcionando o “Posto Fiscal da Guardinha”, vinculado à coletoria de Franca, depois, essa unidade passou a pertencer à coletoria de Santo Antônio da Alegria, como consta no Correio Paulistano, de São Paulo, 22 de fevereiro de 1918.
Em 1922, no livro Notícia Histórica de São Sebastião do Paraíso, de autoria do advogado José de Souza Soares, foi publicada uma foto com a legenda: “Vista geral do povoado de Guardinha, servido pela Estrada de Ferro São Paulo e Minas”. Esse registro permite visualizar algumas dezenas de casas do povoado e, na parte inferior, é possível ver também os trilhos da ferrovia. Para finalizar, com as atuais obras de pavimentação asfáltica da estrada entre Paraíso e Guardinha, espera-se mais um momento de progresso e desenvolvimento para o quase centenário distrito.