Tempos difíceis
As pessoas dizem tantas coisas: ditos populares, postulados, frases feitas, pensamentos de autoridades sábias, que na hora de construir nossos textos, eles representam exatamente o que queremos dizer, mas não nos lembramos de quem disse para dar os créditos. Por exemplo, eu não sei quem disse que “as pessoas só fazem conosco aquilo que permitimos” ou “meia palavra, para um bom entendedor, basta”. Mas os tempos são críticos, e confesso que tenho me esforçado no convívio com as pessoas, mas me nego a continuar permitindo que continuem me dizendo o que eu não devo pensar e muito menos verbalizar, pelo contrário: aquele nem pensar, esse, só o que ela quer ouvir.
Entendo que elas estão descontroladas, surpreendidas pelo ineditismo da tempestade que se abateu sobre nós, eu também estou sentindo, tenho que escolher rapidinho de que lado estou antes de ser “metralhada”: esquerda ou direita; vacina, toma ou não toma; é da foice e do martelo ou da ponta cinquenta. Eu fico aqui me perguntando: os dois não são armas perigosas? os dois não matam? Mas não posso me expressar, as pessoas não permitem. E quem são essas pessoas? São nossos amigos, nossos familiares, nossos companheiros de trabalho que fazem parte da nossa vida real ou virtual por N meios: home office, mensagens, redes sociais, chegam ao cúmulo de “vigiar” os nossos likes.
Tenho a impressão de que estamos vivendo uma revolução dentro das nossas casas, dentro das nossas mais intimas relações. Existe um governo autoritário exercido por pessoas, que você, para continuar sendo educada, obedece ou foge, para que não suprimam ou restrinjam seus direitos mais básicos, mais elementares: de pensar, expressar, comentar entre “amigos” o que estamos vivendo. Cada um quer se impor, quer impedir que outro pensamento que não o seu se manifeste. Estão se sentindo deuses, e não, não estou falando dos poderes executivo, judicial... , não, não é desse. Estou falando de gente igual a gente que quer mandar, impor, enfiar na nossa goela abaixo o seu jeito de pensar, o seu jeito de entender a vida, porque só esse jeito é que é o certo.
— Deixe de ser tonta, não é assim. — com esse discurso, exatamente esse discurso. Veja bem, para eu deixar de ser tonta é porque eu sou tonta, ninguém deixa de ser tonta se não for tonta. ( aff, já estou filosofando)
— Deixe de ser burra, o jeito que eu penso é que é o certo — alguém teve a audácia de me dizer, com todas essas palavras, exatamente assim. Eu pergunto, o que fazer com alguém que age, exatamente assim, a não ser correr ou descer ao nível de ignorância e travar uma batalha, que sinceramente, não vejo vencedor.
“Onde a ignorância BALI, a sabedoria LIBA” — esse eu sei quem disse: foi meu finado marido. Então para você, parceiro, de 35 anos: a minha admiração e o meu brinde!