FLUIDEZ DE ESTILO
Prof. Antônio de Oliveira
Dentre tantos escritores estrangeiros de escol, admiro François Mauriac (1885-1970) pelo seu background psicológico, na sua relação com os personagens e os leitores. Na sua habilidade de trazer o acontecimento até o leitor, leitora, e não, o que é mais comum, levar o leitor até o acontecido. Tratando do encontro de Jesus com os dois discípulos a caminho de Emaús, Mauriac introduz o assunto de maneira familiar, assim:
“A qui d’entre nous l’auberged’Emmaüsn’est-ellefamilière? Qui n’a pas marché sur cette route, un soiroù tout semblait perdu?”
A quem, entre nós, não nos é familiar o albergue de Emaús? Quem nunca jamais caminhou por essa estrada, uma noite, quando tudo parecia perdido?
A variável “tempo” tem tudo a ver com o romance, a novela, crônica. Mais. É fundamental situar quem lê, ao longo da narrativa. Saber lidar com modos, tempos, número e pessoas exige coerência e atratividade. De sorte que a leitura deslize no tempo.
Fluidez de estilo consiste no caráter de espontaneidade de um texto, fácil, natural, fluente. Fluindo como as águas de um riacho, sem tropeços apesar dos seixos. Fácil estabelecer em que consiste; difícil, na prática, fazer fluir sem tropicar. Fácil criticar. Difícil dar o recado claramente, enxuto.
Harmoniosamente. À clareza opõe-se a obscuridade, como as trevas se opõem à luz. Enxuto quer dizer, no caso, breve. À brevidade opõe-se a prolixidade, o tal de encher linguiça. Coisa com coisa...
Desde algum tempo que não aceito mais fazer revisão de texto sem a presença física ou virtual do autor ou autora. Nem sempre o pensado, o dito e o escrito andam de mãos dadas. Mesmo involuntariamente.