Eu, a maricas de 2020

Hoje é mais um dia de lágrimas, mais um amado do meu coração que se vai. Alguém que tem nome, família, endereço. E eu me permito chorar mais essa dor. E escrevo porque aprendi com o saudoso poeta Facuri que escrever faz parte da cura de nossas almas e coopera com a nossa sanidade.

Já perdi a conta dos tantos amados que se foram desde o começo de 2020. Mas também não quero contar, eles não são números, são pessoas amadas. E hoje estou aqui, pensando se esse monstro invisível não vai me levar também. Os que me amam estão cuidando de mim com carinho e precaução. Estou isolada em minha torre como uma Rapunzel sem tranças. Fazem meu supermercado, falam comigo pelo celular. Abraço um filho de vez em quando porque não suportaria ficar sem a presença deles por muito tempo. E derramo minhas lágrimas todos os dias.

Mas se esse monstro sorrateiro ultrapassar as barreiras?

Todos os que me conhecem sabem o que sempre repito: "Tudo é vaidade e correr atrás do vento." Nada levamos desse planeta azul a não ser o amor. Creio que o amor vai com quem amou e frutifica no solo dos corações que foram amados. É assim que quero ser lembrada por você que foi amado ou amada por mim. Quando pensar em mim, pense: A Inalda me amou. E me guarde assim.

JOÃO 3:16 E I JOÃO 4:8 - PENSE MUITO SOBRE ISSO, NÃO SÓ NO NATAL, MAS TODOS OS DIAS.