NASCIMENTO

Chegou o grande dia. Pelas cinco da manhã a avó acordou. Estava tão ansiosa que não cabia em si. Tomou um banho rápido, vestiu uma roupa leve, calçou sapatos confortáveis. Aquele seria o grande dia.

O avô, sempre divertido e engraçado como de costume, fazia piadas divertidas para ajudar a avó a se acalmar.

A tia, sempre sorridente, carregada de pequenos carinhos chegou próximo às seis e trazia consigo mais ansiedade para completar o trio daquela raiar de dia.

Saíram pelas seis da manhã. Rodaram aproximadamente uma hora e vinte minutos. Pelo caminho a avó ia imaginando como seria aquele momento. Sorria, rezava, e agradecia. Tudo ao mesmo tempo num misto de sentimentos incalculáveis. Como seria a partir daquele dia. Como se comportaria uma vez que estaria diante de uma nova realidade em sua vida.

Observou sua face atentamente. Pequenas rugas sobressaiam de seu rosto, outrora tão liso. Já estava se aproximando da terceira idade, constatou com simplicidade. Observou que havia fios de cabelos brancos teimando em aparecer e que mesmo assim sentia-se iluminada. Naquele sentimento perfeito de realização e agradecimento a Deus chegaram ao destino.

Encontrou seus entes queridos. Lá estava a mãe aparentando tranquilidade. Havia se arrumado com esmero para a ocasião. O pai, completamente embevecido não tirava os olhos da amada que naquele dia, estava mais linda do que nunca. A outra avó, sorrindo, acompanhava a filha com a emoção nitidamente contida.

Sentiu seu coração arder de emoção ao presenciar aquela cena. Um dia também vivera aquela expectativa e aquela emoção sem par. Sorriu, pois viveria naquele dia uma emoção diferente e ao mesmo tempo tão singular. Sorriu para todos. Segurou a emoção e sendo, aparentemente, prática, desejou toda a sorte do mundo para aquela mãe tão especial e aquele pai tão embevecido.

Uma última foto, tirada entre a expectativa e a emoção, registrava a importância do momento para a posteridade.

Chegou a hora, os tempos não eram os mais favoráveis, então partiram dali para aguardar em outro lugar. A avó, sem saber o que falar, falava sem parar. O avô completamente encantado, fingia uma firmeza que não havia e deixava a emoção prevalecer.

Os minutos iam passando e pareciam tornarem-se uma eternidade. Pelas sete e cinquenta começaram a chegar mensagens pelo celular. Havia corrido tudo bem, era um lindo bebê e havia chegado com muita saúde. Todos sorriram e se emocionaram. Lágrimas de agradecimento ao Deus da vida verteram dos olhos de todos os presente. Afinal Davi havia nascido.

As primeiras imagens, desenhavam a importância do momento. Registravam a certeza da existência de um ser superior. Tudo no lugar. Como o encontro de um óvulo com um espermatozoide poderia resultar em tanta perfeição? E passaram um longo tempo comentando estas pequena grandes verdades da vida. Deliciando com as imagens incríveis dos primeiros movimentos do menino. E derramando gotas de alegria pela face emocionada.

Depois de longos nove meses, de uma caminhada linda de gestação, de um amor sem limites Davi chegou para enfeitar a humanidade.

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 11/12/2020
Reeditado em 18/11/2021
Código do texto: T7133266
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