Minhas aulas em Teoria da Literatura
A disciplina de Teoria da Literatura, ministrada na Faculdade de Ciências e Letras - Unesp de Assis, me ensinou a ter paciência nestas palavras. Dizia o professor responsável pela disciplina que a calma foi amiga dos maiores autores que nós conhecemos.
Ao estudar profundamente as obras, e tantas delas, procurávamos analisar com clareza o que aquele artista queria dizer com suas palavras. Parágrafos, pontos e letras. Há cada conto tão imenso de informações que demorávamos dois ou três períodos para desvendá-los.
As aulas, sempre nas sextas-feiras, eram as mais interessantes da minha semana, certamente. Chegávamos à sala já cansados, muitas vezes com os olhos cheios de areia. Mas logo saíamos deste mundo e viajávamos a outros.
Foi uma época de aprendizado e que muito foi esclarecido a mim. A literatura, ali, passou a fazer parte de um cotidiano antes ignorado. Eu passei a conhecê-la além das obras que tanto marcaram a minha adolescência. Estudava os autores e seus filhos com tamanha dedicação que pareciam íntimos. Escrevíamos resenhas a cada semana e escolhíamos poemas ou contos para dissecar. Era uma sexta-feira daquelas.
A matéria mudou a minha rotina e o meu relacionamento com os livros. Depois das aulas nem Clarice e nem Machado passam por mim sem serem analisados. Leio seus textos imaginando como eles foram escritos. Até o barulho das teclas da máquina e a cor amarelada do papel que as canetas tinteiras versavam, eu consigo imaginar.
As coisas que eu escrevo também mudaram. Agora tenho a calma que não tinha para publicar meus textos. Deixo-os descansar por um tempo e depois mudo. Acrescento ou apago algumas letras e reviso as linhas até deixar claro o que eu quero dizer. Não tenho a pretensão de um dia ser analisado por algum docente da Teoria da Literatura. Mas vou facilitar sua vida, caso um dia o faça.
Na sexta-feira à noite, via alunos indo embora arrastando suas mochilas pesadas. Um fardo e tanto carregavam: semana puxada, pilhas de livros, leituras, responsabilidades e saudades de casa. Jovens em busca de uma formação, aventura, e literatura aos montes. Experiências que ficavam melhores com aulas tão bem elaboradas.