Dona Felicidade
TALVEZ não seja o momento ideal ou adequado para falar sobre Dona Felicidade, porque estamos em meio a uma pandemia e politização sobre as vacinas. Detalhe: enquanto vemos a primeira-ministra da Alemanha fazer pronunciamento firme defendendo rigor nos cuidados das pessoas e avisando que vão começar a vacinação, falando como uma estadista (e outros governantes fazendo o mesmo, aqui só mesmo politicalha e maus exemplos). Por isso prefiro dar mais uma palinha sobre sobre Dona Felicidade.
Muita gente já tentou definir a felicidade. No entanto, apesar de definições arretadas, ele é algo quase indefinível porque é personalíssima. Tudo bem, há mesmo a felicidade geral. As grandes conquistas da humanidade, as vitórias coletivas, a paz, a justiça social, a liberdade, a democracia, o império das leis...
Mas a maior felicidade talvez seja mesmo o amor. Um amor sem medo de ser feliz. Amar apesar dos problemas causados pelas forças das circunstâncias. E o clima de raiva e ódio continua a pleno vapor gerado pelos odientos e raivosos. Aqueles que babam raiva gosmenta e que Chico Buarque cutucou num verso antológico: "A raiva é filha do medo e mãe da covardia".
Sei não, pode até ser coisa de veio caduco, mas acho que felicidade também é sonho. Sim, acho que a utopia, aquele Sonho Impossível tão bem definido na versão da musica do filme O Homem de La Mancha, traduzida por Chico Buarque, acho um manifesto da nossa utopia, sonho, desejo de felicidade. Adro ouvir essa música na voz de Maria Bethânia. No CD , antes da musica ela declama um poema arretado de Fernando Pessoa: "Tenho uma espécie de dever, de sonhar sempre, pois, nao sendo mais, mesmo querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis". E emenda: "Sonhar mais um sonho Impossível etce coisa e tal". Ouçam a música. Ah, Dona Felicidade. Inté.