Mais uma vez

Ele se foi.

Não se pode dizer que foi repentino, que ninguém esperava. Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria.

Transformou-se em mais um na estatística. Um número.

Até quando perderemos nossos jovens para as drogas, para o tráfico, para a violência? Até quando a sociedade reproduzirá: "fez escolhas erradas; só andava com quem não presta; era de má índole; mereceu"...?

A família falha, a igreja falha, o governo falha. O adolescente falha. Onde erramos quando eram ainda crianças? O que esquecemos de dizer, orientar naquele momento? Não tivemos tempo para o fazer? Não soubemos como lidar? Enquanto não cumprirmos nosso papel de pai, de mãe, nossos filhos procurarão refúgio nos "falsos" amigos, nos falsos prazeres da carne. E matam-se aos poucos na depressão, no álcool, nas drogas, na prostituição...

Quando não nos conhecemos, nem conhecemos nossos limites, somos mais fáceis a manipulações diversas. Precisamos reconhecer que viemos ao mundo com algum objetivo, digo até missão, ou chegamos aqui do nada e para nada? Se assim o pensarmos, não notaremos os sinais que recebemos diariamente para sermos melhor, e para melhorar a vida do outro.

Com a "democratização" da internet e, consequentemente, das redes sociais, observamos esse sentido de vazio prevalecendo na vida, e por que não dizer no dia a dia, dos nossos adolescentes e jovens. Juntam-se infinitos fatores como aceitação, beleza, moda, que nos ditam padrões sociais a serem seguidos; esquecendo-se que as realidades são diversas e adversas, o público procura o mais próximo possível transformar-se, enquadrar-se naquele padrão - pouco importa as consequências.

Nossa mente também manipula a nós mesmos, sabia? Da mesma forma que você acredita dominar o uso do seu aparelho celular (sendo que, na verdade, ele praticamente manda em você), a nossa mente (quando vazia) nos faz pensar/imaginar/criar situações inconvenientes, inexistentes, absurdas até. Ela possui certas artimanhas que acabam convencendo o inconvencível... Depois de tempos, e quando caímos em si é que notamos nossa pequenez e fragilidade mental. Li em algum livro (que agora não me recordo) que o "inimigo" não é capaz de "entrar" em nossa mente nem saber o que estamos a pensar, mas observa nossos atos, o que nos alegra, o que nos entristece, o que nos seduz, qual nosso ponto fraco, o que nos deixa pra baixo e, a partir dessas observações e conclusões - que, compreendamos, nós mesmos damo-lhes - ele as usa pra nos alimentar com nossas próprias fraquezas.

Resumindo, ou somos donos de nós mesmos, de nossa mente e nosso corpo ou eles serão os primeiros a lutar contra as virtudes que cada um de nós trazemos quando crianças: o desejo de ser bom, ser honesto, ajudar os outros, proliferar o respeito e o desejo de mudar o mundo. Precisamos urgentemente de adultos mais autênticos que formem jovens autênticos e protagonistas da sua vida ao invés de escravos desta.

"Se você não lutar por alguma coisa, será vencido por qualquer coisa"