A GUERRA DAS VACINAS (o que, de fato, está em jogo)
Para o Messias, quanto mais messianistas à sua imagem e semelhança, melhor.
Claudio Chaves
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AFINAL, qual vacina é a mais eficaz?
POR qual o Brasil se decidirá?
QUE critérios o Governo está pesando?
POR que tanto debate e pouca ação?
PARA todas essas perguntas, a mesma resposta: DEPENDE.
DEPENDE do(s) interesse(s) de quem tem poder para decidir sobre tudo isso, os governantes, em especial o Presidente da República, o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.
NO QUE depender do Presidente, por exemplo, está mais do que claro que o que menos interessa é que tenha vacina, seja ela qual for. Entre outras teses “científicas” (do ramo da Bolsonarologia), ele já afirmou que a covid-19 não passa de uma gripezinha, que evidência científica não é critério necessário para se receitar cloroquina, a cura é mais barata que a vacina e, por fim, que devemos enfrentar o vírus como homem e não como maricas. Também já desautorizou (e desmoralizou) publicamente seu subserviente Ministro da Saúde quanto à aquisição da vacina do Instituto Butantã, mesmo sendo uma parceria que envolve a maior referência brasileira na área; e deixou claro que a questão é a mesma da tecnologia 5G: a origem (chinesa).
O IRÔNICO – se ainda houvesse espaço no ‘pensamento’ político brasileiro pra ironia – é que o mesmo Governo que, há pouco mais de 4 meses, bravateava que evidência científica era o que menos se necessitava para administrar cloroquina em pacientes de covid-19, agora, bravateia mais ainda alegando não ter adquirido vacinas, insumos para a aplicação e, sequer, um planejamento para isso, porque as vacinas só podem ser adquiridas após todos os testes científicos que comprovam sua segurança e eficácia – e mais: a aprovação por agências de países que esse mesmo Governo (e principalmente o Presidente) tem como referência, como os Estados Unidos e o Reino Unido, por exemplo, agora, já não serve mais.
A OUTRA curiosidade hilária – que, em regra, só os “detratores” percebem – é que a justificativa do Governo para a não aquisição da vacina produzida pelo Instituto Brasileiro (Butantã) é a falta de confiabilidade do laboratório (chinês) parceiro: Sinovac Biotech, que já atua no mercado mundial há quase 30 anos e que, por nada mais que absoluta coincidência, é o mesmo que já fornece para o Brasil a vacina contra a gripe H1N1 – aliás, a primeira certificada no mundo.
DEVE ser apenas coincidência – ou uma estratégia ‘cumunista’ de dominação, vai saber! – que 70% de tudo que consumimos em termos de indústria de medicamentos – incluindo, ‘coisinhas básicas’ como vacinas contra o enterovírus, hepatites A e B, varicela e caxumba, antibióticos e medicações de uso contínuo como os empregados no tratamento de cardiopatias, pressão alta, diabetes e depressão venham exatamente do País ‘cumunista”, nosso segundo fornecedor desse tipo de ativo que, até setembro deste ano, exportou pras bandas de cá nada menos que 3,5 mil toneladas de remédios, perdendo por 200 toneladas para nosso primeiro fornecedor (EUA) que, segundo dados do próprio Governo ‘anticumunista’ do Brasil, nos vendeu 3,7 mil toneladas no mesmo período. Só em imunológicos, como antibióticos, o salto, de 2019 pra 2020 – até o momento –, é 2.400%.
OU SEJA, o teogoverno messianista dito ‘anticumunista’ pode ter todas as razões do mundo para barrar a vacina ‘cumunista’ fabricada pela maior referência brasileira (Butantã) em vacinas, menos uma: a científica que, diga-se de passagem, para o Presidente e seus devotos, em regra, jamais teve relevância alguma.
O QUE se percebe, no fim de tudo, é que para o Governo Federal e, em especial, para o Presidente, quanto menos saudável – física e, em especial, mentalmente – for a população, melhor.
POR MAIS que não queiramos, a atitude dele coopta-nos a concluir que para o Próprio quanto mais brasileiros semelhantes a si melhor e, convenhamos, para os seus propósitos, o raciocínio dele passa longe de está errado.