TEATRO MUNICIPAL DE NOVA LIMA (MG) EM TRÊS MOMENTOS (I)

Manhã de domingo, em algum dia da década de mil novecentos e sessenta, eu ainda criança. Eu me levantei cedo e cuidei da horta do quintal de minha casa, em Nova Lima, como em todos os dias (era minha obrigação regar a horta e o jardim e mantê-los sempre limpos de ervas daninhas e com a terra fofa). Tomei um banho rápido, vesti uma roupa domingueira e me preparei para sair. Um filme com o fabuloso Mazzaropi estava em cartaz no Teatro Municipal Manoel Franzen de Lima.

Coloquei nos bolsos um reforço alimentar, as famosas bolachas de Dona Jandira, minha mãe. Eram cinco quilômetros de caminhada, percorridos em mais ou menos uma hora. E saímos a tempo de chegar um pouco antes de ter início a sessão matinê, às dez horas. E minha companhia, como sempre, era meu pai. Foi ele quem me ensinou a ler, foi ele quem me ensinou a gostar de cinema. Aquele homem, considerado inculto em termos de educação formal, não terminara a escola primária, tinha uma enorme cultura adquirida nos livros e pela vida afora. E gostava de cinema.

O teatro municipal era um deslumbre aos meus olhos infantis. Com um palco enorme, uma tela grande com cortinas vermelhas que se abriam para começar o filme. Cadeiras confortáveis e cabines no andar de cima. E, se chegássemos cedo conseguíamos uma cabine no andar de cima. Mas assistir da plateia também era uma maravilha. E o filme? Lendo hoje a filmografia do Mazzaropi, penso ter assistido a quase todos lançados nos anos cinquenta e sessenta.

Paulo Cezar S Ventura
Enviado por Paulo Cezar S Ventura em 09/12/2020
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