Cerco de Espinhos
Nas andanças que a vida dá, já sorri contente para todos que via, e já chorei piamente enquanto a dor me engolia em meio a noites vazias. Nessas indas e vindas, quase sempre esbarrava nos espinhos das rosas no meio da estrada, cortando-me não as carnes, mas sim a minha alma.
O mais impressionante disso tudo é que não importava o quanto me esforçasse para desviar dos espinhos ou o quanto buscasse atravessar por outro caminho, com efeito eles voltavam a me espetar... Cada vez mais forte, cada vez mais fundo. Caía feito um moribundo. Diante de um céu vazio e incompreensível. E já não via as estrelas nem as fases da Lua. Apenas o vazio da imensidão.
Foi então que decidi olhar em torno de mim e enxergar que perdido estava em um lugar sombrio, neste canto do quarto com a porta trancada, sem dizer ou fazer absolutamente nada que não fosse o previsível de ser feito, o comum. Tinha medo de abrir as portas e me decepcionar. Tinha medo de sorrir para quem gostaria de me ver chorar. Tinha medo de o esforço não bastar. Tinha medo de me apaixonar. Medo do medo que pudesse sentir. Labirintos cortantes dentro, fora, em volta de mim.
Não pode ser assim. Não pode! Mais uma vida sem cor, sem sabor e cheia de dor. É preciso se reinventar, para os espinhos driblar, arrancar ou mesmo vedar suas pontas. Da forma que for, é preciso acreditar num sonho que seja e trilhar o caminho que te leve a ele. Vai valer a pena. Eu sei que vai. Confie em mim. Seu brilho é tão forte que não cabe em ti.