O DESRESPEITO. SOMOS OS DESRESPEITADOS, HISTORICAMENTE.

Recebe-se o desrespeito em doses de uma cicuta que não se pode rejeitar como não rejeitou Sócrates. Nele havia voluntariedade, em nós sobra a recusa que não se pode exercer.

Cumulativa e em doses e ciclos vamos sendo envenenados e sem defesas absorvendo a intoxicação homeopática.

O que projetamos em uma Carta que escrevemos para os que nos representam, através do sufrágio universal, vai amarelecendo suas letras e praticamente se apagando; a Carta Constitucional.

Nela respingada e manchada se sacraliza o desrespeito.

E ninguém deve respeitar o desrespeito. Escrevi certa vez, discorrendo sobre respeito:

Se alguém respeita para obter retorno igual, o respeito de nada valeria, pois a todo movimento há movimento igual, maior, ou menor desencadeado. Entenda-se, estou respeitando para ser respeitado, porque vou ser respeitado, senão não respeitaria. É filosófico. Respeita-se por princípio, por agregação de civilidade. Não respeito esperando respeito, respeito por ser educado, civilizado, distante da imensidão do fosso do desrespeito, não respeito esperando respeito, se assim resultasse, meu respeito não seria respeitável, mas um respeito que pede troco, treinado para obséquios, sequioso de relevâncias e homenagens, sem espontaneidade. Por si só já é um desrespeito em gênero. Temos recebido o desrespeito secundado pelo respeito que exercemos no voto. Sacrário da cidadania.

Desses meandros da respeitabilidade está longe quem nos representa, de forma absoluta, histórica, manifesta e irrespondível, em todos os poderes, pois em todos há o toque democrático do voto, seja direto ou por escolha para os tribunais dos que tem pelo voto ao Poder chegado, a competência para preenchê-los. Estamos entregues ao desrespeito que se avizinha do deboche e do desprezo. Se encorajam em reafirmar à distância da Lei Maior, e também das regras infraconstitucionais, pelo desrespeito veemente, estratificado, consolidado, reiterado, cimentado na vontade enviesada e pacífica que não tem medo de se colocar sob as vistas de todos, em desafio permanente aos direitos de cidadania.

E assim vamos vivendo, ULTRAJADOS.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/12/2020
Reeditado em 08/12/2020
Código do texto: T7130754
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