Memórias
Eu fiz quando menino um curso de datilografia. Devia ter doze anos. Eu sentia maior orgulho daquela habilidade, lembro-me dos primeiros exercícios: ASDFGT (espaço) - HJKLÇ (espaço). E o teste final, maior desafio, era um terror. Tinha que em 10 minutos datilografar um texto enorme que poderia ter no máximo , acho que 3 erros. Tirei dez. Maior orgulho. Ganhei logo em seguida de aniversário como presente uma máquina de escrever. Quantas suadas prestações meus pais não fizeram. Minha mãe que não me ouça, um colega de infância invejoso descobriu antes que, meus pais me dariam uma máquina de escrever e para estragar a surpresa me contou: "Tua mãe vai te dar uma máquina de escrever no teu aniversário amanhã!" O idiota falou até o lugar que foi comprado: "Foi nas casas Bahia!" . Sigamos. Ganhei a máquina, que felicidade. Na escola, quando os professores pediam trabalho eu perguntava: "Professor (a) posso fazer datilografado?" Nunca deixaram. "Claro que não né, como vou saber que foi mesmo você quem fez. Quero ver a tua letra.!" Como nunca trabalhei de datilógrafo, como nunca me deixaram fazer um trabalho escolar datilografado, a máquina que custou suadas prestações e um caro curso de datilografia acabou virando museu, mas ao menos a habilidade de teclar me favorece, essa habilidade ninguém me tira, levo-a para sempre, pensava eu até meu filho que nunca fez datilografia, nunca escreveu numa máquina de escrever me disse: "Pai, como você é estranho e tão lento digitando no celular. Por que o senhor não usa os dois polegares ao invés de um dedo só?