A Solitária
A noite era a do dia 24, véspera do dia 25. O local era a Praça da Liberdade, lindamente iluminada para as datas. O mês era dezembro e, para ser mais preciso, era a Noite de Natal. As crianças brincavam com os novos brinquedos, enquanto os adultos namoravam ou fotografavam os encantos do lugar. Papai Noel, Reis Magos, renas e sinos davam o toque à decoração, dando ênfase às comemorações.
Fotografava o ambiente quando, então, os meus olhos captaram e fotografaram nas retinas a figura daquela solitária mulher. Ela estava estrategicamente assentada no meio do banco. Esperava (Quem sabe?) a chegada de alguém. A marcante solidão era visível. À sua volta não havia ninguém. Bem vestida, ela tinha uma postura de quem sentia frio, naquela quente noite de verão. As suas mãos estavam se segurando na busca, talvez, das outras mãos que, outrora, as seguravam, em noutros distantes natais. O seu olhar era triste, vazio, mas percorria – ávido, diga-se – os arredores na vã esperança de encontrar um rosto amigo. O rosto amigo não aparecia e a solidão arrefecia as já tênues esperanças.
Pela aparência, era uma senhora que tinha já alguns anos de vida. Vida dedicada aos filhos, netos, noras e ao marido – imagino – todos, agora, distantes dela. E ela, naquele momento, era mais solitária que um Robson Crusoé de saias, sozinha, ilhada numa praça, em meio a um mar de gente que formava aquela multidão que a viam, mas não a enxergavam.
E as solitárias mãos se aqueciam tocando mutuamente uma na outra buscando ávidas, outras mãos para tocarem, se tocarem, serem, enfim tocadas. Outras mãos não havia. Uma palavra amiga não havia. Um sorriso amigo que pudesse aquecer mãos e corações não havia. Nada havia a não ser a dor da solitária mulher.
Duas das crianças, que brincavam em velozes velocípedes, passaram lépidas ao seu lado. Ela chegou a esboçar um leve sorriso. Devem ser os esperados netinhos – imaginei! Ledo engano – não eram! Contudo, o riso contagiante das crianças contagiou o sofrido rosto da solitária mulher – ela sorriu!
Agora, fico imaginando onde poderão estar os filhos, netos, noras e o marido que, por certo, aqueceram-na nas distantes estações da vida? Onde estarão aqueles entes tão queridos que, em outras tantas noites foram por ela aquecidos e que, hoje, é por eles esquecida?
Vejo-a levantar-se. O seu andar não era trôpego – era firme. Os risos das crianças em seus velocípedes foram os incentivos para a mudança que a solitária mulher estava precisando injetar em sua vida. Ela, sacudindo das vestes as gotículas da fina chuva que começara a cair, parecia, também, dar uma sacudidela na própria vida.
Fiquei, ali, estático, torcendo por ela e – no fundo do meu coração – esperava que cada gota d’água que ela retirou das suas vestes simbolizasse uma das muitas mágoas que a corroíam e que ela, agora, perdoando aos que dela se esqueceram, as jogava fora da sua vida.
A minha câmera digital não captou a sua imagem que se afastava – não era preciso! A imagem daquela solitária mulher ficou marcada em minha mente, no meu coração. Assim pensando, desejei que o seu Natal fosse bem feliz e que o Ano Novo pudesse lhe sorrir e ressorrir com muito amor e paz!
Imagem: Google
Fotografava o ambiente quando, então, os meus olhos captaram e fotografaram nas retinas a figura daquela solitária mulher. Ela estava estrategicamente assentada no meio do banco. Esperava (Quem sabe?) a chegada de alguém. A marcante solidão era visível. À sua volta não havia ninguém. Bem vestida, ela tinha uma postura de quem sentia frio, naquela quente noite de verão. As suas mãos estavam se segurando na busca, talvez, das outras mãos que, outrora, as seguravam, em noutros distantes natais. O seu olhar era triste, vazio, mas percorria – ávido, diga-se – os arredores na vã esperança de encontrar um rosto amigo. O rosto amigo não aparecia e a solidão arrefecia as já tênues esperanças.
Pela aparência, era uma senhora que tinha já alguns anos de vida. Vida dedicada aos filhos, netos, noras e ao marido – imagino – todos, agora, distantes dela. E ela, naquele momento, era mais solitária que um Robson Crusoé de saias, sozinha, ilhada numa praça, em meio a um mar de gente que formava aquela multidão que a viam, mas não a enxergavam.
E as solitárias mãos se aqueciam tocando mutuamente uma na outra buscando ávidas, outras mãos para tocarem, se tocarem, serem, enfim tocadas. Outras mãos não havia. Uma palavra amiga não havia. Um sorriso amigo que pudesse aquecer mãos e corações não havia. Nada havia a não ser a dor da solitária mulher.
Duas das crianças, que brincavam em velozes velocípedes, passaram lépidas ao seu lado. Ela chegou a esboçar um leve sorriso. Devem ser os esperados netinhos – imaginei! Ledo engano – não eram! Contudo, o riso contagiante das crianças contagiou o sofrido rosto da solitária mulher – ela sorriu!
Agora, fico imaginando onde poderão estar os filhos, netos, noras e o marido que, por certo, aqueceram-na nas distantes estações da vida? Onde estarão aqueles entes tão queridos que, em outras tantas noites foram por ela aquecidos e que, hoje, é por eles esquecida?
Vejo-a levantar-se. O seu andar não era trôpego – era firme. Os risos das crianças em seus velocípedes foram os incentivos para a mudança que a solitária mulher estava precisando injetar em sua vida. Ela, sacudindo das vestes as gotículas da fina chuva que começara a cair, parecia, também, dar uma sacudidela na própria vida.
Fiquei, ali, estático, torcendo por ela e – no fundo do meu coração – esperava que cada gota d’água que ela retirou das suas vestes simbolizasse uma das muitas mágoas que a corroíam e que ela, agora, perdoando aos que dela se esqueceram, as jogava fora da sua vida.
A minha câmera digital não captou a sua imagem que se afastava – não era preciso! A imagem daquela solitária mulher ficou marcada em minha mente, no meu coração. Assim pensando, desejei que o seu Natal fosse bem feliz e que o Ano Novo pudesse lhe sorrir e ressorrir com muito amor e paz!
Imagem: Google