EPIFANIAS FRAGMENTADAS #01
— Ah, então você vem. Que bom que você vem. Eu preciso mesmo de alguém para contar uma história.
Nenhum sol é tão quente quanto o café que Juliana fazia ao acordar de bom humor. Cheiro de café arrasta qualquer corpo preguiçoso da cama. Vasilhas de antes de ontem sobre a pia e uma cidade sedenta de sangue. O amor é tudo que um poema não é capaz de dizer. Lá fora a cidade abre sua garganta.
— Meu Deus do céu! Ninguém aguenta mais este carro apertado, velho, fedendo óleo. Veja só o quanto eu corro apressado para abrir a janela. Minha sogra mora em Guaratinguetá. Fica longe de Guaraciaba. Você sabe que fica. Então não acampe mais no pico da Bandeira. Lá tem cobras, lagartos e um clima que congela o coração. Se Deus permitir eu vou embora para o Texas. Fim de papo. Não falo mais nada com você, você parece que não entende. Era apenas uma volta no quarteirão. Fim de papo. Está vendo? Não adianta. Chove e a gente continua com aquela sensação de sempre. Vontade de tomar sorvete na esquina. Mas o dinheiro acaba sem a gente perceber.
Ninguém desce do quarto andar para ver um gato miando no meio da rua, quase sendo atropelado. Ele precisa parar de miar alto para morrer em silêncio.
Acabaram-se todas as latas de salsicha na mercearia do senhor Alcântara. Mas tem arroz, feijão e salame. Amanhã o povo vai ao parque. Nem todo mundo, é claro. Mas ir ao parque ainda pode.
Ninguém sabe que a Laurinha está grávida. Nem ela sabe. Seu ovócito não disse nada para ela, pois namora em segredo com o espermatozoide vencedor.
Não sei o que vai ser da minha vida depois que eu morrer. Quero ficar eternamente ouvindo Roxette. A banda tem umas músicas que grudam como chiclete que é capaz de acompanhar a gente para a eternidade.
— Ah, então você vai. Que bom que você vai. Eu preciso mesmo de uma história para contar para alguém.
— Ah, então você vem. Que bom que você vem. Eu preciso mesmo de alguém para contar uma história.
Nenhum sol é tão quente quanto o café que Juliana fazia ao acordar de bom humor. Cheiro de café arrasta qualquer corpo preguiçoso da cama. Vasilhas de antes de ontem sobre a pia e uma cidade sedenta de sangue. O amor é tudo que um poema não é capaz de dizer. Lá fora a cidade abre sua garganta.
— Meu Deus do céu! Ninguém aguenta mais este carro apertado, velho, fedendo óleo. Veja só o quanto eu corro apressado para abrir a janela. Minha sogra mora em Guaratinguetá. Fica longe de Guaraciaba. Você sabe que fica. Então não acampe mais no pico da Bandeira. Lá tem cobras, lagartos e um clima que congela o coração. Se Deus permitir eu vou embora para o Texas. Fim de papo. Não falo mais nada com você, você parece que não entende. Era apenas uma volta no quarteirão. Fim de papo. Está vendo? Não adianta. Chove e a gente continua com aquela sensação de sempre. Vontade de tomar sorvete na esquina. Mas o dinheiro acaba sem a gente perceber.
Ninguém desce do quarto andar para ver um gato miando no meio da rua, quase sendo atropelado. Ele precisa parar de miar alto para morrer em silêncio.
Acabaram-se todas as latas de salsicha na mercearia do senhor Alcântara. Mas tem arroz, feijão e salame. Amanhã o povo vai ao parque. Nem todo mundo, é claro. Mas ir ao parque ainda pode.
Ninguém sabe que a Laurinha está grávida. Nem ela sabe. Seu ovócito não disse nada para ela, pois namora em segredo com o espermatozoide vencedor.
Não sei o que vai ser da minha vida depois que eu morrer. Quero ficar eternamente ouvindo Roxette. A banda tem umas músicas que grudam como chiclete que é capaz de acompanhar a gente para a eternidade.
— Ah, então você vai. Que bom que você vai. Eu preciso mesmo de uma história para contar para alguém.