COVID: Introdução à Última Guerra

Chorai ó povos! Lamentai ó nações!

Os tambores não mais rufam, mas silenciaram. Não se vê mais as tradicionais guerras entre nações e com seus aparatos bélicos. Todas passaram, fugiram de horror, sumiram, ficando somente rumores.

Todas as guerras que haviam de passar passaram. Em todas as épocas, de todos os tamanhos, lugares e continentes. Todos seus feitos, males e formas não mais existem. Não haverá mais sequer resquícios desses tipos de conflitos humanos, que fez a história da humanidade e cuja humanidade fez a história das guerras. Cujas nos chegaram ao conhecimento por relatos de suas épocas. Outras tantas nos foram anunciadas levando-se em conta suas idades; e muitas outras conhecidas nas literaturas pelos povos que as fizeram. De maneira que não se fará mais tal história, que é também a nossa, nestes moldes que foi elaborada.

Que sua origem se reporta à própria razão humana, não tenhamos a menor dúvida; que sempre estivera a tiracolo do ser humano, o “ajudando” a fazer história, também. Porém seu início, quem poderia dizer? De qualquer modo especula-se que iniciou por pauladas e que terminaria a pedradas.

Mas dos abomináveis rumores de guerras, que se nos avizinham que há de se contar?

Ou copilar?

Não se sabe nem dizer com firmeza onde estão.

Se aqui, ali, ou acolá.

Os piores de todos os males, estes. Sem igual na história humana. Os quais se proclamam estarem sendo preparados para persuadirem a não deixar haver mais guerras, mas que não terá trazido a paz.

Eis que este novo tipo de destruição em massa, que adentrou o terceiro milênio, é chegado. Mais terrível frio e calculista, do que todas as guerras que grassaram a terra. Neles todos os modelos de requintes de perversidades e torturas anteriores estão ficando obsoletos; virando sucatas e sendo entregues à falida sociedades para serem usados como utilidades domésticas.

Chorai ó povos! Lamentai ó nações!

Ai das grávidas e das que amamentaram!

Não há mais as guerras, mas somente seus rumores. Guerras não declaradas nem convencionadas. Híbridas. Por conseguinte imunes à cor branca da bandeira e ao vermelho da cruz. Indiferentes às organizações de paz, de direitos humanos e filantrópicos. Insensíveis à idade ou sexo.

Não haverá mais tempo de se ir para a eira, de se fugir para o campo, ou de se enterrar o irmão. Não há mais o canhão pelo pão, nem o canhão em lugar do pão. Não há mais tempo para a própria guerra.

Eis que todas as guerras são águas passadas, restando só os fatídicos rumores. Tidos por Guerras Coloridas, Guerras por Procuração...

Como frisado, nos rumores de guerras não se precisam mais usar de canhão para fazer faltar o pão. Pois têm a hipocrisia como escudo, a sutilidade como arma e a sagacidade como tática. Modelo hipócrita por não mais querer ser apresentado como guerra; sutil por usar do poder para o caos econômico; para levar, à próxima vítima, a miséria de outrem em forma de diversão; sagaz por oprimir povos e promover discórdias internas enquanto anuncia paz às nações.

Lamentai ó povos! Gemei ó nações!

Felizes as estéreis e as que não amamentam!

Eis que o ápice da imperfeição vestido de novas roupas é chegado.

Não há mais guerras entremeadas de paz, nem paz entremeada de guerras. Tampouco há paz. Nas planícies generais não fazem mais tais tratados prévios de paz. Nem se vê movimentos sorrateiros de tropas por entre vales. Pra quê! Os rumores que se avizinham buscam por nativos contra próprios nativos.

De modo que as cidades já foram totalmente ocupadas pelos seus descalabros e os campos cerceados e cercados; já não há mais espaços. Somente bolsões de miséria e campos desnudados. Vítimas do “desenvolvimento”. Campos de muita terra, sim, mas sem direito às sementes; tempos de muitas sementes, sim, mas estéreis. Os vales perdendo a seiva; os montes, os cabelos; os rios, a vida; e a terra, o timbre.

O povo se encontra acuado ante o adversário que tanto pode estar longínquo quanto a nosso lado; que fará sobejar a quem já tem muito e faltar o pouco para os que ainda nada têm.

Antes as sutilidades desses rumores, as estratégias dos mais argutos dos guerreiros do passado viraram diversões de filmes. Artefatos bélicos, outrora de usos exclusivos de tropas e tidos por grande poder de destruição e que eram usados longe da população, são agora lançados indiscriminados. Vistos como se fora traques-de-massas em noites juninas. Vividos ao vivo por vítimas indefesas e figuradas em vídeos, e outros visores, para os que ainda não perceberam tal artimanha. Diante de tamanha sofisticação dessas suas máquinas eletrônicas, artefatos bélicos de imenso poder de devastação são apresentados à sociedade parecendo mais sorvetes para mãos de crianças ou buquês em mãos de noivas.

Pranteai ó povos! Gemei ó nações!

Os toques de vitórias há muito emudeceram, silenciaram, e os tambores de pesares estão gastos.

Que as estéreis consolem as férteis, nestes dias.

Cantai em paz, ó ex-pracinha! Jubilai ó filho da guerra! Enquanto não se firmam, de uma vez, estes finais de tempos.

Eis que já são chegados os dias dos rumores, com suas novas e cada vez mais poderosas armas, destruidoras a curto e longo prazo. Adentrando lares e dilacerando famílias; tirando o tirocínio dos jovens e o direito do cidadão; causando dependências, oprimindo e deixando sequelas irreversíveis. Pondo filho contra pai e irmão contra irmão. Fazendo o atípico ocupar o lugar do típico. Debilitando cidades e deixando órfã cada nação.

Trazendo todo tipo de armas não convencionadas, previamente dedilhadas, negociadas em grossos ou papelotes, ao ar livre ou em Bolsas, por pequenas ou poderosas organizações. Armas sutis de ataques arrasadores. Com condições bélicas tal de modo adentrar em qualquer lugar por simples antenas de recepção; chegarem sorrateiras, aos mais fechados dos lares, passarem em bolsos de paletós ou permeados em balas e doces de crianças. Atingindo o âmago de qualquer família, em qualquer lugar, povo ou nação.

São muitas as trincheiras, voluntárias e intuitivas dos desesperados, levantadas para defesa própria. Muros, cadeados, quebra-molas; grades, visores, seguranças, alarmes, etc. Porém todas ineficazes. Desalentadoras. Inúteis ante a sutilidade da nova cara do mal que se nos achega. Cuja sagacidade não conhece barreiras nem reconhece fronteiras. Devastando tudo e todos, até que não haja um último pau sequer, mesmo que para porrete e porretada como reinicio de guerra. Restando apenas pedras, somente pedras... Sem direito à pedrada.

Edmilson N Soares
Enviado por Edmilson N Soares em 05/12/2020
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