UMA PESSOA FORMADA - IALMAR PIO SCHNEIDER - O que se deve esperar de uma pessoa formada em curso superior ? “É uma boa pergunta”, diria alguém que não estivesse no lugar do interrogado. Todavia, se tivesse que ser respondida por um leigo no assunto
UMA PESSOA FORMADA
IALMAR PIO SCHNEIDER
O que se deve esperar de uma pessoa formada em curso superior ?
“É uma boa pergunta”, diria alguém que não estivesse no lugar do interrogado. Todavia, se tivesse que ser respondida por um leigo no assunto, ou melhor, que não fosse o próprio, assim poderia se manifestar, não pretendendo esgotar o assunto. Tudo é relativo, enfim; e “as idéias não são metais que se fundem”, segundo o insigne senador e conselheiro de Estado, Gaspar da Silveira Martins, em frase lapidar. Constata-se, desta forma, que as opiniões variam de acordo com o modo de ver de cada um. É uma questão que se coaduna com o bom senso do indivíduo que vai se adaptando ao ambiente cotidiano e profissional onde terá condições de avaliar a melhor maneira de agir e atuar. Cada macaco em seu galho, já diz o velho ditado popular, sempre válido, apesar de seu repetido emprego.
Não é de todo necessário que se exijam certas aparências de uma pessoa formada em curso superior, a fim de lhe conferir status, não sendo, entretanto, em algumas ocasiões, desprezíveis. É importante que saiba trajar-se com sobriedade sem demonstrar afetação e muito menos cultuar uma preocupação mórbida a este respeito. Significativo exemplo foi o de Einstein, quando alguém lhe perguntou em sua cidade natal de Ulm, por que se vestia tão simploriamente.
- Não tem importância, responde-lhe o cientista, aqui todos me conhecem.
Em outra ocasião a mesma pessoa encontra-o em pleno centro de Nova Iorque, trajando uma capa de chuva fora de moda e rota, e lhe formula a mesma pergunta, ao que lhe diz Einstein:
- Não tem importância, aqui ninguém me conhece.
Desta forma mais uma vez se confirma o ditado de que “o hábito não faz o monge”.
Um indivíduo que galgou os degraus de uma faculdade até o fim, deverá, isto sim, cativar pela cultura geral e não estar somente bitolado pelos moldes de certas etiquetas supérfluas.
Por outro lado, nos dias atuais em que os conhecimentos humanos já ultrapassaram barreiras outrora consideradas intransponíveis, deverá se especializar em determinada matéria, a fim de que possa desenvolver em um mínimo de tempo o máximo de desempenho. Em suma, o ideal é que seja um especialista no ramo que escolheu.
Também é oportuno lembrar que uma pessoa que teve o privilégio de formar-se deva ser aberta, tolerante, dotada de senso crítico no convívio com seus semelhantes.
Enfim, o que importa é que se sinta realizada, pois só assim poderá somar alguma coisa ao acervo cultural da humanidade.
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Cronista colaborador
Publicado em 03 de fevereiro de 2000 - no Diário de Canoas.