O pobre pagará a conta mais uma vez?
Estamos agora no nono mês dessa pandemia. 175.307 pessoas já morreram vítimas dessa doença. E o ruim é que a gente vai se acostumando com as desgraças e com as coisas erradas. Entendemos a gravidade do desastre que está acontecendo sem reagir.
Sabemos que a mortalidade é maior entre os mais pobres, negros, analfabetos, pois são eles que têm que sair todos os dias para buscar o seu sustento. No caminho encontram o vírus que os esperava. Estava à espreita, mas se eles não se movimentarem, morrem de fome. Então saem e enfrentaram a morte.
O reconhecimento da desigualdade pode ser um dos legados dessa crise que vivemos. É entender que a desigualdade tem que ser enfrentada, o racismo tem que ser reconhecido para também ser enfrentado, a pobreza tem que ser combatida.
Temos que exigir que da sociedade um comportamento mais preocupado, mais sadio, mais civilizado com o meio ambiente, mais solidários com os mais pobres. Precisamos de entender a desigualdade como uma excrescência, uma anormalidade. A desigualdade não é normal, é imoral. Ela só será combatida se nós quisermos que seja. Isso significa ter um Sistema Único de Saúde de verdade, ter escolas públicas de qualidade para todos, ter comida nas mesas de todas as pessoas, ter políticos honestos em todos os setores.
Não está correto acharmos que não estamos vivendo uma situação dramática. Não está correto não termos uma liderança federal responsável. Não está correto o ministro da saúde ser um militar, pois um tenente-coronel não sabe direito o que é saúde. Não está correto cada Estado ter que descobrir o que, e, como fazer diante do que a Covid 19 proporcionou ao mundo.
Não estamos sendo suficientemente exigentes com o presidente, governadores e prefeitos que preferem fechar os olhos a ver o caos que se firmou no momento. Estamos fazendo tudo errado. E alguém terá que pagar a conta.
Nalia Lacerda Viana, 04 de dezembro de 2020