FCJA, em 40 anos, sigla de excelência
Por razão de espaço, a sigla, talvez , pode ter sido inventada por falta de papel, FCJA em vez de Fundação Casa de José Américo. Mas, ao não faltar espaço, inclui-se a falta de tempo como motivo para tamanha brevidade, ou ter sido também por pressa; o que ocorre, nos dias de hoje, quando nossas ausências, até a de não visitar nossos entes mais queridos, justificam-se com a costumeira desculpa: falta de tempo. E, por isso, tudo se abrevia, até o carinho, abolindo-se mensagens numa castiça e poética linguagem, para nos impor a simploriedade da sigla.
Siglar é coisa antiga, costume que até advém do império romano, a memorizar sua história. Em Roma e noutras partes do mundo, lê-se, ainda hoje, a sigla gravada em pedras e metais: SPQR (Senatus Populusque Romanus), que é o acrônimo de: “O Senado e o Povo Romano”. Essas iniciais servem ao gracejo contra os romanos, servindo para significar Sono Pazzi Questi Romani (são loucos estes romanos). Lembro-me de que, ainda criança em Pilar, nas aulas de catecismo, perguntava a Dona Vicenza sobre o que significavam as letras na cabeça da cruz: INRI (Iesus Nazarenus Rex Iudeorum). Ela não sabia e, assim, fazia que não ouvia a minha pergunta. Somente mais tarde, já meninote em Itabaiana, as freiras do Colégio Nossa Senhora da Conceição, que em tudo escreviam CNSC, despertaram-me a velha curiosidade de perguntar sobre a sigla da cruz, acima do quadro-negro. E Irmã Lenice me traduziu, do latim, tal ironia siglada da colonização romana: “INRI quer dizer: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. No momento, tenho decorado a sigla a do meu trabalho: SECULTPB (Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba) e outras subsequentes mais difíceis, como CPDCHJP.
A mania de siglação é virótica, não respeita nem mesmo nome próprio. Por que abreviar, para “Mª” , o já breve e doce nome de Maria? Ao assinar um contrato, estranhei que o nome do contratado fosse JACA; perguntei-lhe seu nome, aí ele esclareceu: Jovino Alves Cabral de Alcântara. Mesmo em atos solenes como esse, deparamo-nos, nos convênios, até com a magnífica Pontifícia Universidade de Milão ao ser chamada por PUM. A abreviação faz e não desfaz ignorâncias ortográficas: “Atenciosamente” se escreve com “s” ou com “z”? Respondeu-lhe o Chefe da repartição: - Muito longo, agora só se usa “att”. Como se observa, além dessas inconveniências, as abreviações criam um dialeto paralelo ao vernáculo. São consoantes que se sucedem sem formar frases por não possuírem verbo; tampouco palavras, por não terem vogais; e, quando as têm, redundam cacofonias. Na internet, conversa quem sabe siglas como idioma. Até me pergunto como um jovem, habituado a esse pobre linguajar, escreverá uma redação no exame do atual vestibular, chamado de ENEM. Ou, futuramente, como enfrentará algum texto, da sua profissão. Habitua-se a agradecer com um obg; beijar com um bj ou abraçar com abç, tão curtos que não chegam a ser um aperto de mão.
Contudo, nesse mundo siglado, a FCJA, pela sua existência e pelo que ela representa, cresceu, desde sua criação e durante seus 40 anos e história, sendo uma sigla de respeito e de renomada fama, de um dos fenômenos culturais, no Estado da Paraíba. Honra-me ter sido seu Presidente, incumbência atualmente bem entregue, pelo Governador João Azevêdo, ao escritor Fernando Moura e à sua Vice Rejane Ventura. À frente do Museu Casa de José Américo está Janete Rodriguez, dirigindo, nessa casa, a memória desse imortal acadêmico da APL paraibano.
Em 2015, ao prefaciar uma publicação sobre a FCJA, tive a felicidade de expressar que a Fundação Casa de José Américo é o que mais identifica o escritor José Américo de Almeida, na Paraíba. Ora, fora da sua terra, como ocorre com Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Augusto dos Anjos, nada é comparável ao tempo e ao espaço do “homem de Areia”. Nesse sentido, a FCJA acontece e aniversaria esses acontecimentos, com sua estrutura e funcionamento; com seu arquivo e acervo; e sobretudo com sua riqueza museológica, como notícia do passado, do passado e do futuro, viva manifestação da vida social e política do Estado da Paraíba. Por tais motivos, a FCJA é, há 40 anos, uma sigla de excelência.
Por razão de espaço, a sigla, talvez , pode ter sido inventada por falta de papel, FCJA em vez de Fundação Casa de José Américo. Mas, ao não faltar espaço, inclui-se a falta de tempo como motivo para tamanha brevidade, ou ter sido também por pressa; o que ocorre, nos dias de hoje, quando nossas ausências, até a de não visitar nossos entes mais queridos, justificam-se com a costumeira desculpa: falta de tempo. E, por isso, tudo se abrevia, até o carinho, abolindo-se mensagens numa castiça e poética linguagem, para nos impor a simploriedade da sigla.
Siglar é coisa antiga, costume que até advém do império romano, a memorizar sua história. Em Roma e noutras partes do mundo, lê-se, ainda hoje, a sigla gravada em pedras e metais: SPQR (Senatus Populusque Romanus), que é o acrônimo de: “O Senado e o Povo Romano”. Essas iniciais servem ao gracejo contra os romanos, servindo para significar Sono Pazzi Questi Romani (são loucos estes romanos). Lembro-me de que, ainda criança em Pilar, nas aulas de catecismo, perguntava a Dona Vicenza sobre o que significavam as letras na cabeça da cruz: INRI (Iesus Nazarenus Rex Iudeorum). Ela não sabia e, assim, fazia que não ouvia a minha pergunta. Somente mais tarde, já meninote em Itabaiana, as freiras do Colégio Nossa Senhora da Conceição, que em tudo escreviam CNSC, despertaram-me a velha curiosidade de perguntar sobre a sigla da cruz, acima do quadro-negro. E Irmã Lenice me traduziu, do latim, tal ironia siglada da colonização romana: “INRI quer dizer: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”. No momento, tenho decorado a sigla a do meu trabalho: SECULTPB (Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba) e outras subsequentes mais difíceis, como CPDCHJP.
A mania de siglação é virótica, não respeita nem mesmo nome próprio. Por que abreviar, para “Mª” , o já breve e doce nome de Maria? Ao assinar um contrato, estranhei que o nome do contratado fosse JACA; perguntei-lhe seu nome, aí ele esclareceu: Jovino Alves Cabral de Alcântara. Mesmo em atos solenes como esse, deparamo-nos, nos convênios, até com a magnífica Pontifícia Universidade de Milão ao ser chamada por PUM. A abreviação faz e não desfaz ignorâncias ortográficas: “Atenciosamente” se escreve com “s” ou com “z”? Respondeu-lhe o Chefe da repartição: - Muito longo, agora só se usa “att”. Como se observa, além dessas inconveniências, as abreviações criam um dialeto paralelo ao vernáculo. São consoantes que se sucedem sem formar frases por não possuírem verbo; tampouco palavras, por não terem vogais; e, quando as têm, redundam cacofonias. Na internet, conversa quem sabe siglas como idioma. Até me pergunto como um jovem, habituado a esse pobre linguajar, escreverá uma redação no exame do atual vestibular, chamado de ENEM. Ou, futuramente, como enfrentará algum texto, da sua profissão. Habitua-se a agradecer com um obg; beijar com um bj ou abraçar com abç, tão curtos que não chegam a ser um aperto de mão.
Contudo, nesse mundo siglado, a FCJA, pela sua existência e pelo que ela representa, cresceu, desde sua criação e durante seus 40 anos e história, sendo uma sigla de respeito e de renomada fama, de um dos fenômenos culturais, no Estado da Paraíba. Honra-me ter sido seu Presidente, incumbência atualmente bem entregue, pelo Governador João Azevêdo, ao escritor Fernando Moura e à sua Vice Rejane Ventura. À frente do Museu Casa de José Américo está Janete Rodriguez, dirigindo, nessa casa, a memória desse imortal acadêmico da APL paraibano.
Em 2015, ao prefaciar uma publicação sobre a FCJA, tive a felicidade de expressar que a Fundação Casa de José Américo é o que mais identifica o escritor José Américo de Almeida, na Paraíba. Ora, fora da sua terra, como ocorre com Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Augusto dos Anjos, nada é comparável ao tempo e ao espaço do “homem de Areia”. Nesse sentido, a FCJA acontece e aniversaria esses acontecimentos, com sua estrutura e funcionamento; com seu arquivo e acervo; e sobretudo com sua riqueza museológica, como notícia do passado, do passado e do futuro, viva manifestação da vida social e política do Estado da Paraíba. Por tais motivos, a FCJA é, há 40 anos, uma sigla de excelência.