O NAZISMO VIVE, O APARTHEID VIVE, A SEGREGAÇÃO VIVE

Aprendemos que antes de manifestarmos uma opinião sobre alguém é necessário nos colocarmos no lugar desse. Aprendemos também que Adolf Hitler tentou estabelecer uma raça pura na Alemanha, capaz de melhor resistir às intempéries do dia a dia. Para a felicidade da humanidade, essa ideia não passou de uma aberração, pelo menos em parte. De fato, no Brasil, principalmente, ainda impera uma tentativa silenciosa, cultural, social, econômica, institucional de estabelecer a supremacia branca. Porém, uma diferença marca essas tentativas bizarras. Enquanto Hitler manifestou explicitamente suas ideias absurdas, outras tentativas implícitas continuam buscando estabelecer a evolução humana por meio da sobrevivência dos mais fortes. Entendam mais fortes como sendo as pessoas sem defeito algum, preferencialmente com a pele de cor branca e olhos azuis e corpo bem definido. Mesmo que algumas ações tenham sido realizadas no intuito de garantir direitos iguais para todos, como as Leis, por exemplo, que deveriam assegurar aos cidadãos não serem desrespeitados em virtude da cor da pele, da religião, da região de origem, do físico, do econômico, do cultural, do social. Enfim, nossos Leis nos garantem que sejamos respeitados, sem distinção de qualquer espécie, assim deveria ser. Todavia, não precisamos de muita investigação para sabermos que essa não é a realidade para todos. Não seria surpresa alguma afirmar que o apartheid ainda reina em nossa contemporânea tecnológica sociedade e a teoria da seleção natural apresentada por Charles Darwin, mais do que nunca, seleciona o mais fortes para assumir o comando dos fracos. Não se assuste, essa é a realidade que impera no mundo. Só uma pontinha do iceberg, por exemplo, podemos constatar essa triste realidade quando olhamos para a educação na Pandemia. Educação online ou Ensino Híbrido, requer, ao menos, alguns recursos digitais com acesso à internet. Como sabemos, o Brasil é um país marcado pela desigualdade de todo tipo e, certamente, não todas as famílias e alunos que têm estrutura para acompanhar esse tipo de ensino. Ou seja, alguns estão ficando para trás enquanto outros poucos estão avançando em seus estudos. Isso não é uma forma de selecionar os mais fortes? Não é uma forma de apartheid? Metáforas não faltam para comprovar que práticas de segregamento continuam sendo realizadas o tempo todo. Estávamos almoçando em um restaurante às margens da BR 101 na Região Norte da Bahia quando observei um senhor adentrar o estabelecimento com o auxílio de duas muletas. Parecia um problema no joelho daquele Senhor que o impedia de caminhar livremente. Dei uma olhada no ambiente, o estabelecimento não tinha rampa de acesso, nenhum dos funcionários se dispuseram a ajudar o cliente. No momento de sentar à mesa, foi uma dificuldade tremenda, pois a perna daquele Senhor não flexionava e não tinha outro ele sentar à mesa. Incomodado com aquela situação, fui auxiliá-lo. Acomodei-o em uma cadeira e em outra cadeira coloquei a perna dele. Aquele restaurante, de fato, não é para qualquer cliente, apenas os cidadãos perfeitos, os mais fortes, podem ser clientes. São situações estarrecedoras, mas que acontecem corriqueiramente, mostrando-nos que muito ainda precisa ser feito para que todas as pessoas possam ser tratadas de igual modo, respeitando as dificuldades de cada um, com medidas de apoio para auxiliar àqueles que, por motivos diversos, têm alguma restrição seja ela de que tipo for. Essas medidas podem até já existirem, mas é necessário que elas sejam efetivadas.