DA FACHADA AZUL
Da vista pra serra, na serra; na delícia de pôr os pés no chão. Do aconchego de um azul clarinho, na ideia de encanto e doçura. Lembro de pegar minha bicicleta rosa e correr, correr, correr — inclusive dos cachorros — naquela estrada onde nada cansa. Sinto o cheiro gostoso sempre que fecho os olhos e lembro da vista… Que vista! Um mundo inteiro pintado em vários tons de verde. Aquele verde que inspira e contrasta com o concreto do fim da rua. Vou explorar e continuo correndo, como se fugisse, mas não, era só minha liberdade bradando, me espalhando aos ventos de cada rua que eu atravessava. Me perdia nos caminhos, mas era só tomar o rumo de volta. A busca ainda era boa. Aquele 175 me chamava, o azul aconchegante sempre me abraçava, o porquê de estar ali ainda me inquieta. De todas ruas que pisei calçada ou não, dos lugares que andei, das pessoas que levei, dos amores que troquei… Esse azul aconchegante é constante em mim. A herança em minhas mãos, em meus olhos, me envolve como tudo dela me envolvia, como a saudade dela ainda me abraça.