A terra do sol escaldante
Tarde extremamente quente. Parecia que o sol despencara um pouco de sua altura e viera bafejar seu calor sufocante nesta terra potiguar. Tudo parou e nenhum vento alisava as copas das palmeiras. O sabiá, se havia, de esturricado jazia por entre as capoeiras de xananas nos vãos do canteiro central. A vida fugia para as sombras ou ia assombrar nos shoppings da capital. Uma sonolência pairava nos expectadores das alamedas e nos turistas debochados que falavam muito e compravam quase nada. O termômetro marcava 38ºc, mas a sensação térmica extrapolava essa marca em, pelo menos, dois graus. O suor brotava dos poros insistentemente e escorria caudaloso molhando minhas vestes ao seu pegajoso contato. Parei numa sorveteria e tomei um diet, com duas bolas, num copinho. Nesse momento, passava uma passeata do ABC com uma banda de frevo em cima de um caminhão, convidando as pessoas para o jogo decisivo do campeonato. Pipocar de espoletas e rojões compunham o foguetório animado dos torcedores que se penduravam nos carros do cortejo. O barulho era tão alto e demorado que fechei os olhos e me senti como um habitante da Síria em meio ao matraquear das metralhadoras e explosões das bombas que assolam a população civil daquele país. Passado o corso abecedista, eis-me agora na pista voltando para casa. A fila de automóveis parou e um engarrafamento se formou no sinal da Roberto Freire com a Ayrton Senna. Era o trio elétrico dos fanáticos organizados arrebanhando os sócios que subiam, pulando às pressas, ao veículo embandeirado e gritando urros de guerra como um bando de ferozes soldados prestes a entrar em uma sanguinolenta batalha. Pensava em tomar um chá de especiarias e comer uma tapioca com queijo do reino no Café São Brás, mas a prudência me dizia que o ambiente não estaria muito seguro em dia de decisão de campeonato. O sinal finalmente abriu. Dobrei para o lado direito da pista e fui descansar na calma e tranquilidade de minha casa no resto daquele sábado, quente e sufocante por demais.
Tarde extremamente quente. Parecia que o sol despencara um pouco de sua altura e viera bafejar seu calor sufocante nesta terra potiguar. Tudo parou e nenhum vento alisava as copas das palmeiras. O sabiá, se havia, de esturricado jazia por entre as capoeiras de xananas nos vãos do canteiro central. A vida fugia para as sombras ou ia assombrar nos shoppings da capital. Uma sonolência pairava nos expectadores das alamedas e nos turistas debochados que falavam muito e compravam quase nada. O termômetro marcava 38ºc, mas a sensação térmica extrapolava essa marca em, pelo menos, dois graus. O suor brotava dos poros insistentemente e escorria caudaloso molhando minhas vestes ao seu pegajoso contato. Parei numa sorveteria e tomei um diet, com duas bolas, num copinho. Nesse momento, passava uma passeata do ABC com uma banda de frevo em cima de um caminhão, convidando as pessoas para o jogo decisivo do campeonato. Pipocar de espoletas e rojões compunham o foguetório animado dos torcedores que se penduravam nos carros do cortejo. O barulho era tão alto e demorado que fechei os olhos e me senti como um habitante da Síria em meio ao matraquear das metralhadoras e explosões das bombas que assolam a população civil daquele país. Passado o corso abecedista, eis-me agora na pista voltando para casa. A fila de automóveis parou e um engarrafamento se formou no sinal da Roberto Freire com a Ayrton Senna. Era o trio elétrico dos fanáticos organizados arrebanhando os sócios que subiam, pulando às pressas, ao veículo embandeirado e gritando urros de guerra como um bando de ferozes soldados prestes a entrar em uma sanguinolenta batalha. Pensava em tomar um chá de especiarias e comer uma tapioca com queijo do reino no Café São Brás, mas a prudência me dizia que o ambiente não estaria muito seguro em dia de decisão de campeonato. O sinal finalmente abriu. Dobrei para o lado direito da pista e fui descansar na calma e tranquilidade de minha casa no resto daquele sábado, quente e sufocante por demais.