DISCRIMINAÇÃO SÓCIO ECONÔMICA e RACISMO
 
Confesso aos amigos, que tenho refletido muito sobre o racismo que a mídia vem chamando de "racismo estrutural" e que prefiro chamar de "racismo emblemático", ou "racismo cultural".
 
Ainda estou pensando, refletindo, lendo aqui e ali, escutando esse e aquele, buscando uma explicação mais lógica, tentando chegar um pouco mais fundo nas entranhas dessa coisa feia, fedorenta, encalacrada na sociedade quase planetária.
 
Claro que minha reflexões ainda não são conclusivas. Talvez nunca o sejam, nem tenho tamanha pretensão. Apenas gostaria de dividir com quem gosta de pensar, de filosofar a respeito do transcorrer dos hábitos e costumes humanos, um pouco da minha teoria a respeito.
 
Não vejo o racismo como uma reação discriminatório singular, isolada, uno. Não vejo o racismo apenas como um simples, teimoso e brutal separatismo étnico.
 
Presumo, diante dessa insistente manifestação racista que se assiste e que apesar de toda a legislação que a condena, apesar de toda a demagogia que a cerca, ainda persiste, renitentemente, que o buraco é um pouco mais embaixo. Ou muito mais embaixo.
 
"Uma andorinha não faz verão", mas duas principiam um bando de andorinhas e podem fazem um verão quente, vigoroso, criando um sol para cada um, gerando tempestades com ventos fortes, assustadores, destruidores, com aqueles soprados pelos ciclones, pelos tornados, formando desastres como o ocorrido em Porto Alegre, com o João, que não era só negro, mas também pobre, mal educado (não lhe foi oferecida oportunidade e incentivo para melhor se educar), típico representante não apenas dos negros, mas dos pobres discriminados pela sociedade economicamente elitista.
 
Pronto, já me adiantei e apresentei minha teoria precipitadamente.
 
Penso, pois, que o racismo, não é tão forte, tão persistente, tão enraizado, tão estruturado, apenas pela simples cor da pele. Não é só isso. É assim tão teimosa, tão piolhenta, porque está associado, é somado, acrescido da discriminação sócio econômica.
 
O pobre, mesmo branco, é tão discriminado quanto o negro, apenas não é tão facilmente identificado na multidão pelos olhos nojentos e deturpados dos discriminadores. O racista, é um potencial separatista sócio econômico. "Tem nojo de pobre". E para ele, todo negro é pobre. As vezes até me passa pela cabeça, que na sua mente doentia, do racista, todo pobre também é negro.
 
Identificar o branco pobre, exige olhos mais atentos, mais tempo e mais esforço. Já identificar o negro e ligá-lo reflexivamente ao pobre, os nojentos o fazem num simples lance visual.
 
Não quero, nem posso, deixar que fique dúvida, sobre o fato de que considero que o racismo puro e simples é mais forte e muito mais nefasto que a discriminação para com os pobres em geral. Quero, tão somente, dizer que o racismo é tão teimoso e tão exposto, porque está associado a discriminação econômica. Formam, pois, um casal de andorinhas, que fazem um inferno aqui na terra, até em pleno inverno. Até mesmo em plena e divina primavera.
 
Sou branco, um branquela, diriam os nordestinos, mas sou pobre - já fui muito mais - e fui tão discriminado durante minha vida, principalmente quando criança, adolescente, jovem, a ponto de ter guardado mágoas inapagáveis.
 
Imaginem, então, se eu fosse negro. Juntaria a fome como a vontade de comer, inflamando o apetite dos urubus racistas e discriminadores, a ponte de correr o risco de me ver transformado num João Gaúcho, assassinado da forma mais horrenda, mais violenta, mais desgraçada de que já tomei conhecimento, de que já assisti em vídeos coloridos, abundantes e vergonhosos. Eu sou só pobre. O João era pobre e negro.
 

 
 
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 02/12/2020
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