Olhando o tempo


Ela estava sentada olhando o tempo. Viu sua amargura enfrentar a noite e com ela o rasgado da dor lancinante que oprimia seu peito. Mais uma vez a perda. Dos sonhos? Do dia ensolarado naquelas manhãs sonhadas há tanto tempo? Seu olhar perdido misturava-se a noite na sua negritude. Tudo era diferente diante da noticia. Não. Uma palavra que proferida em momento inoportuno, incomoda, machuca, fere. Não precisava ser tão enfático, mas dissera e ela, quieta diminuíra-se diante da negação. Ainda sentia o batimento do coração perturbado. O corpo doía e sua cabeça ardia. Naquele dia conhecera o sentido da negação, do ressequido olhar impresumível, pois não esperava a palavra dita.
Levantou-se e saiu andando pelo corredor da casa grande e olhando o estreito caminho identificou-se com o percurso daquele momento. Estreito e sem portas e nem atalhos possíveis. Um Não.... Bem-dito sem tempo para refutação. Continuou sua andança sem intento. Atravessou a porta que dava para a varanda maior do casarão e lá ficou a espreitar o tempo da noite silenciosa na tentativa de encontrar alento. Serenou seu corpo e sua alma aflita!
Regina Barros Leal
Enviado por Regina Barros Leal em 01/12/2020
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