MAL-ESTAR
Uma sensação de queimação no estômago me incomoda. Bebo leite na esperança de amenizar o fogo que sobe à garganta e, aflita, sinto um gosto amargo na boca. O coração bate de tal forma que o tenho em minhas mãos pedindo liberdade. Ah! É difícil conviver com o mal-estar que encurva o corpo deixando-o vergado como uma árvore ressequida, seca, murcha e feia.
Sento-me à mesa e deparo com um prato de sopa cheio de farelos de pão. Coisa do João, que quase sempre deixa o rastro de sua presença gulosa. Olho ao lado e só vejo a domesticidade entranhada nas paredes, na geladeira, no fogão. Um ar de feminino tempero, cheiro de comida feita e de leite derramado. Não sei como entornou a xícara na toalha branca. Levanto-me para apanhar o pano de prato e enxugar e escorrego numa pequena poça de xixi da cadelinha do meu filho. A danada vive sujando o piso. Mas, é tão achegada. Pula de alegria solicitando atenção quando começa a chegança do trabalho. Faz carreira, rola no cão, pula e late fino. É uma alegria só.
Espreguiço o corpo que geme por descanso. Olho minhas mãos e percebo que a pele está seca. Preciso de creme. Eu sempre sou muito distraída. Elas precisam de cuidados. Vou tentar amanhã começar o tratamento. É sempre assim.
Sinto-me fogo, ardendo dentro de mim e bebo muita água e a quentura não passa. Vou ao armário onde guardo os remédios de urgência. Pronto, um antiácido. Olho o relógio e escuto seu ritmo. Tic tac. Ritmo de vida de muita gente. Tic tac. Compassado... Igual... Sistemático... Padronizado. Fico profundamente triste, pois me confundi com o relógio. Tic tac. Sou assim? Eu rejeito qualquer semelhança. Eis que, por mais que tente. Lá estou como o relógio. Tic Tac. Minha tristeza se agudiza pela sensação de desconforto. Lembrei-me dos dias em que ao mergulhar no mar revolto, perco o equilíbrio e bebo água misturada com terra. É uma sensação de desespero. Aquela terra entrando e rasgando a garganta incomodada também pelo sal. Quente! Olhos irritados e o corpo doído. Vai e vem. O mar requebra-se em ondulações incertas e traiçoeiras. Lembrei-me de muitas pessoas. Mergulhei com algumas e as molhei com água salgado do mar. Um pouco de vingança imaginária. Logo depois as banhei com a serenidade de águas tranquilas. Perdoei e repudiei os pensamentos mesquinhos.
Respiro e inspiro desejando aliviar o desconforto. Ainda tenho a sensação de sol quente, ardendo e fogo na mata. O ardor continua forte. Levanto-me desta vez para dissipar o mal entendido entre a azia e o meu ser em infortúnio. Bebo leite morno com canela. Ah! Delicioso. Alguns minutos e sinto que o fogo abrandou e meu estômago tomou jeito. Graças a Deus. A calmaria.
O silêncio e a cumplicidade do corpo. Embrenhei-me naquela realidade noturna da sala de jantar iluminada por lâmpadas fluorescentes.
Mais um dia!
Uma sensação de queimação no estômago me incomoda. Bebo leite na esperança de amenizar o fogo que sobe à garganta e, aflita, sinto um gosto amargo na boca. O coração bate de tal forma que o tenho em minhas mãos pedindo liberdade. Ah! É difícil conviver com o mal-estar que encurva o corpo deixando-o vergado como uma árvore ressequida, seca, murcha e feia.
Sento-me à mesa e deparo com um prato de sopa cheio de farelos de pão. Coisa do João, que quase sempre deixa o rastro de sua presença gulosa. Olho ao lado e só vejo a domesticidade entranhada nas paredes, na geladeira, no fogão. Um ar de feminino tempero, cheiro de comida feita e de leite derramado. Não sei como entornou a xícara na toalha branca. Levanto-me para apanhar o pano de prato e enxugar e escorrego numa pequena poça de xixi da cadelinha do meu filho. A danada vive sujando o piso. Mas, é tão achegada. Pula de alegria solicitando atenção quando começa a chegança do trabalho. Faz carreira, rola no cão, pula e late fino. É uma alegria só.
Espreguiço o corpo que geme por descanso. Olho minhas mãos e percebo que a pele está seca. Preciso de creme. Eu sempre sou muito distraída. Elas precisam de cuidados. Vou tentar amanhã começar o tratamento. É sempre assim.
Sinto-me fogo, ardendo dentro de mim e bebo muita água e a quentura não passa. Vou ao armário onde guardo os remédios de urgência. Pronto, um antiácido. Olho o relógio e escuto seu ritmo. Tic tac. Ritmo de vida de muita gente. Tic tac. Compassado... Igual... Sistemático... Padronizado. Fico profundamente triste, pois me confundi com o relógio. Tic tac. Sou assim? Eu rejeito qualquer semelhança. Eis que, por mais que tente. Lá estou como o relógio. Tic Tac. Minha tristeza se agudiza pela sensação de desconforto. Lembrei-me dos dias em que ao mergulhar no mar revolto, perco o equilíbrio e bebo água misturada com terra. É uma sensação de desespero. Aquela terra entrando e rasgando a garganta incomodada também pelo sal. Quente! Olhos irritados e o corpo doído. Vai e vem. O mar requebra-se em ondulações incertas e traiçoeiras. Lembrei-me de muitas pessoas. Mergulhei com algumas e as molhei com água salgado do mar. Um pouco de vingança imaginária. Logo depois as banhei com a serenidade de águas tranquilas. Perdoei e repudiei os pensamentos mesquinhos.
Respiro e inspiro desejando aliviar o desconforto. Ainda tenho a sensação de sol quente, ardendo e fogo na mata. O ardor continua forte. Levanto-me desta vez para dissipar o mal entendido entre a azia e o meu ser em infortúnio. Bebo leite morno com canela. Ah! Delicioso. Alguns minutos e sinto que o fogo abrandou e meu estômago tomou jeito. Graças a Deus. A calmaria.
O silêncio e a cumplicidade do corpo. Embrenhei-me naquela realidade noturna da sala de jantar iluminada por lâmpadas fluorescentes.
Mais um dia!