DE PLATÃO/SÓCRATES AO CHESTERTON. AO AMIGO BERNARD GONTIER.
“Prezado Celso, depois de uma leitura dessas, me resta citar trecho de Chesterton: Os sábios têm uma centena de mapas para dar Que traçam o seu universo rastejante como uma árvore, Eles peneiram a razão por um crivo estreito Que retém a areia e perde o ouro E todas essas coisas são para mim menos que o pó Porque o meu nome é Lázaro e eu vivo. The Convert, 1922, ano da sua conversão à Igreja Católica. Um abraço e boa noite.”
Peneirar a razão, a bateia de poucos. Mas há um lastro máximo não seguido, e nisso a desrazão da possível razão que não frutifica na ausência de semeadura. Diz ele, Chesterton, em autobiografia: "que um pequeno “catecismo de um penning” lhe disse tudo o que a ciência, a filosofia pagã e o mundo não tinham sabido sequer balbuciar. Disse-lhe o que ele de algum modo sempre ensinara, que o orgulho e o desespero eram um pecado, e que a forma mais feliz de estar no mundo era “resolvendo-se ser humilde”. Difícil a bateia... Instala-se a sabedoria da compreensão, poder compreender com humildade recebida a concessão vinda da força que distantes não conhecem, Deus. Pensam conhecer.
Uns se dizem ateus e rezam..., negacionismo vestido de paradoxo, e acrescem não terem religião, outros passam a vida se entregando a tentar desfigurar o que apregoam inexistir; a dialética do absurdo, pugilato da total ausência de comunicação das sinapses. E nesse anfiteatro tem assento a falta de humildade ainda que apregoada inerente. Inerência dos distúrbios bem ensinado por Maquiavel.
E nesse mar de total disfunção compreensiva, Chesterton aponta São Tomás, de quem resultou excerto seu em obra de vulto, com expressiva biografia, onde pontifica sic: “O fato saliente em São Tomás consistia em amar os livros e viver deles; em viver a vida pródiga do clero ou letrado”. Como nos “Contos de Cantuária”. E ajunta: “Ele preferia possuir cem livros de Aristóteles e sua filosofia a todas as riquezas que o mundo lhe pudesse dar.” E remata com a preciosidade do Santo Doutor Angélico perguntado sobre o que mais agradecia a Deus, e respondeu São Tomás: “TER COMPREENDIDO TODAS AS PÁGINAS QUE LI”.
São Tomás reapareceu recentemente na cultura das universidades e nos salões de modo tal que há dez anos parecia estranho.
Entrelaçada à humildade de Assis, o “Santo poverello” anda por caminhos igualmente santificado. São Francisco foi o único Santo católico medieval que se popularizou na Inglaterra por seus méritos próprios.
As classes médias viram nele entre todas do mundo uma figura missionária, mas configurando personagem que mais desprezavam, um mendigo italiano.
Gustavo Corção, notável religioso, festejando as grandes alegrias católicas que devia a Chesterton, o inigualável filósofo católico inglês, que com desassombro lutou até à conversão, escreveu em prefácio à biografia de São Tomás, com os olhos voltados em Jesus: “ Uma coisa houve que era Nele alegria.” Qual alegria a que se refere Tomás ? Calha ao que se arrazoa? A alegria que inunda a casa do amor, que comunica a humildade de Assis à retórica de Tomás, peneirada na magia de quem alimenta e realiza o encontro exaltado pelo Cristo, na irmandade ainda que recalcitrante de desvios por não poder compreender. Condições insuperáveis..
Cristo é compaixão para todos, os que O recusam por inexistir.. sem conhecer nada de seus caminhos, e os que O negam e vivem a contestá-lo POR EXISTIR!!!! Só se contesta o que se admite. Nonadas dos crentes da descrença que não sabem explicar, algaravia semântica, formal, discursiva e desimportante. Nada interessa a ninguém sobre o que não é importante, só a seus iguais, os que não pensam e pensam pensar, como em Maquiavel, ensinando do alto de seus escólios, "a terceira mente, nem ensinada aprende".