Quantidade de leituras X qualidade literária
Tenho notado, aqui no Recanto das Letras, uma discussão acirrada sobre a quantidade de leituras, na página de cada escritor, e a sua maior ou menor importância, como escritor, por causa da contagem expressiva de leituras.
Para esta questão, entendo ser necessária algumas considerações. Alguns escritores do Recanto colocam em seus textos um título chamativo, exemplo: Feliz Aniversário, Amigo, Eu te amo..., etc. Repetindo várias vezes a mesma fórmula, conseguindo assim um número imenso de cliks, não necessariamente de leituras e comentários. Lembremos: muitas pessoas vêm em sites de poesia a procura de poemas para dedicar à(ao) bem-amada(o), aos amigos e parentes e digitam as palavras chaves: amor, aniversário, amigo na busca ou em textos e clicam nos textos com esses títulos.
Existem outros que escrevem à exaustão e tem uma Vida: toda direcionada à Internet. Passam horas seguidas nos mais diferentes sites de poesias escrevendo e postando seus escritos e se procurarmos em qualquer site de busca o nome dessas pessoas chegam a aparecer em mais de 10.000 ocorrências! Acabam conhecidos por quase todo mundo. São opções de conduta e/ou de possibilidade de assim escolher os seus afazeres diários, respeitemos!
É claro que estes dois perfis de escritores têm a possibilidade de serem mais acessados que outros escritores que escrevem pouco e/ou sem a preocupação de artifícios para atingir um maior número de leitores; muitos destes, têm uma Vida corrida entre o trabalho e os afazeres domésticos.
No Recanto das Letras existem ótimos escritores muito lidos e ótimos escritores pouco lidos que sabemos serem lidos porque recebem lúcidos comentários, em suas respectivas escrivaninhas ao postarem um texto!
Não necessariamente o grande escritor é o mais lido, nem o que se denomina no Recanto de Escritor Profissional, em alguns casos sim. Não necessariamente o escritor menor, na qualidade, jamais na intenção, será menos lido; afinal o que mede o número de leituras é como o escritor se relaciona com o Recanto das Letras e com as pessoas que visitam ou fazem parte do mesmo. O escritor que tem o costume de ficar horas conectado no Recanto das letras e comenta bastante outros escritores, é quase certo que terá mais acessos do que aquele escritor de final de noite e parte do final de semana e feriado, que coloca esporadicamente seus textos e lê e comenta pouco os outros recantistas!
Entretanto, não se pode querer aferir qualidade literária pelo número de leituras e sim pela competência do escritor, pelo seu talento em trabalhar com as palavras, pela sua vocação para caminhar pelo mundo das letras! (Não confundamos a vocação como necessidade fundamental para escrevermos! Existe um sentido maior para a palavra: desnudar a alma, libertar o coração, transformar a Vida de quem escreve). Todos têm o direito de escrever!
Os melhores se estabelecerão para sempre, independentemente do número de leituras, da popularidade, dos mecanismos buscados para serem lidos!
Sei bem que a contagem não significa leitura; quantas vezes clico em um autor e não me apraz as primeiras linhas do texto e simplesmente fecho a página da pessoa seguindo para outra escrivaninha. É absolutamente normal que assim aconteça. Temos direito às nossas escolhas de leitura, vivemos em uma democracia.
Lembremos sempre, não é necessária nenhuma unanimidade, não é preciso nenhuma política de bastidores e não é preciso que tenhamos muitos leitores para escrevermos. Um poema, uma crônica, um pensamento, com um leitor, que consiga toca-lo profundamente já é uma vitória para quem escreveu!
Tenhamos a capacidade de compreender que mais do que qualquer número vale o que está escrito, vale a beleza de um texto feito com total amor e dedicação, um texto que possa nos transformar como seres humanos, que nos faça rir sem embutir preconceitos nele, etc. levando-nos de encontro com nossas imperfeições, com nossas descobertas, com nossos sonhos e nos tornando pessoas melhores!
Guardemos a mais importante lição: o que ficará para sempre é a obra literária de qualidade e não o autor! Ficará para sempre a obra do autor de qualidade, mesmo que este, não tenha alcançado os lauréis da fama em Vida, mesmo que este tenha sido pouco lido em Vida! E ficará esquecido, quase que por completo, o autor que não se preocupar com a qualidade literária, com a contínua aprendizagem e o crescimento literário, porque efêmero tornar-se-á cada texto que ele publicar.
Por isto, creio eu, para terminar, faz-se necessário dizer que: humildade, muito trabalho, estudo, muita leitura dos grandes escritores universais, buscar sempre crescimento como ser humano, ética e valer-se da verdade sempre são condições fundamentais a todo aquele que sonha ter um dia espaço, mesmo que pequeno, na Eternidade literária.