O estrutural Silvio
É moda agora se falar de racismo estrutural. Silvio de Almeida foi o primeiro a destacar isso no seu brilhante livro. Na verdade é chover no molhado. O que Silvio comprova é que a sociedade brasileira, toda ela, é deliberada cega e surda.
Esse estruturalismo sempre existiu. Não vou nem dissertar sobre as leis abolicionistas do século XIX o quão absurdas que eram, estando à frente o deputado do império Bezerra de Menezes, típico caso de o homem e seu tempo.
Destaco leis, já na década de 20 e 30 do século XX, que proibiam a entrada de humanos de cor preta no país!
Quando se tornou obrigatório o ensino fundamental para crianças, se destaca o artigo que se deve dar atenção e preferencia a eugenia.
Há artigos em que se pede o clareamento da maioria da sociedade brasileira porque alguns a achavam muito escura e por isso se deveria incentivar a entrada de imigrantes europeus.
Quanto à ideia do clareamento já foi um assassinato aos negros. E então chegaram os europeus já com incentivos e terras destinadas a sua subsistência. Nenhum negro liberto por qualquer das leis abolicionistas tiveram esse apoio.
Vale destacar a incompetência de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças e outros abolicionistas neste quesito acima mencionado.
Eu próprio que sou fisicamente da raça fernandohenriquecardosiana, quando estudante, fui retirado do comando do meu pelotão e colocado em meu lugar um dos meus melhores amigos, o Miguel, de aparência nórdica, no desfile escolar de 7 de Setembro.
Bom, isso tudo já sabíamos e medidas já vem sendo tomadas já algum tempo, mas não com a devida rapidez necessária.
O fato ainda persistirá porque não se pode obrigar um empregador a contratar negros. Minha cunhada tem um agencia de eventos e já houve algumas vezes em que ela foi instada por clientes a não contratar modelos negras e/ou mulatas.
Eu penso que a abstração da lei Afonso Arinos e a verbalização dos políticos pré-eleição, seria mais contundente se fosse legislado a xenofobia.
Uma das características da xenofobia é por não deixar que o indivíduo tenha meios de sobrevivência numa sociedade a qual ele não pertencia antes. O antissemitismo é um exemplo clássico. O confinamento de refugiados na Austrália e de ilegais nos EUA é o ovo da serpente. Num ovo de uma víbora venenosa a transparência é tal que dá pra se ver o embrião.
Por volta de 1860, os derrotados escravagistas da Guerra da Sucessão dos EUA, foram bem recebidos pelo Império de Dom Pedro II. São Sebastião da Grama e Americana lhes foram as terras doadas. Esses americanos mantiveram e comercializaram negros até 1888.
Podemos dizer dizer desses americanos que eles foram "o homem e sua época", mas não justifica a barbaridade da sociedade brasileira.
Eu acho uma coisa pequena se designar o cidadão negro do Brasil como "afro-brasileiro". Pela designação qualquer etnia descrita com o "afro" antes vocábulo, é negra? Nelson Mandela era afro-africano? Charlise Theron está classificada em qual categoria? Pelé é negro e brasileiro ou ele é negro e africano? Eita Jaboticabal brasileiro!