FESTA DE CASAMENTO

O convite havia sido feito numa tarde de domingo. A festa aconteceria na sexta-feira seguinte. Titubeou em responder se iria ou não. Os tempos não eram favoráveis e a insegurança imperava por todos os lugares.

Decidiu-se por ir, sempre com os devidos cuidados, mesmo havendo um sentimento de reserva e preocupação diante da instabilidade dos tempos.

Chegou o dia. Preparou-se com esmero e capricho. Colocou sua máscara e partiu para o evento.

Foi recebida com muito entusiasmo pelos da casa. Um sorriso de amizade e uma porta aberta para a sua chegada estavam esperando, já na rua. Sorriu em resposta àquela recepção tão efusiva:

- Que bom que chegou. Pensei que não viria mais. Entre por aqui. Não iria abrir a porta da frente, mas para você, vou abrir.

Sentiu-se importante e ao mesmo tempo incomodada.

A casa, simples, estava organizada e decorada, com esmero. Já na sala de entrada, um pequeno sofá coberto com um forro vermelho. Na sala seguinte, uma mesa com bolo da noiva e junto dele pequenos bonecos, vestidos a caráter. Na cozinha, sem mesa, para proporcionar mais espaço, um pequeno banco a aguardava.

- Sente-se. Depois, quando quiser, pode servir.

A mãe estava rejubilante. Sua filha única estava casada. A alegria transbordava de seus olhos e gerava uma resposta imediata aos lábios que se abriam em grande contentamento.

A moça, vestida a caráter, sorria na simplicidade da alegria presente no momento. O noivo, timidamente, cumprimentava a todos.

Foi convidada para o jantar. Mais ao fundo, numa área coberta, feita especialmente para a ocasião, as cozinheiras, diante de grandes panelas, serviam o jantar composto da mais típica comida mineira: um delicioso macarrão acompanhado de tutu, arroz e frango.

Uma fila havia se formado. Todos, com tranquilidade, iam sendo servidos, diante da emoção estampada no rosto da mãe que a tudo acompanhava atenta e ao mesmo tempo elétrica.

A convidada observava o entorno e pensava no quanto a alegria era um sentimento tão único e peculiar do ser humano. Passou a observar os convidados: Uma moça grávida sentada a sua frente jantava sendo acompanhada por um rapaz. Os olhos dele caminhavam por ela como a demonstrar o contentamento de ter um filho. Ela, alheia a tudo, parecia apenas se deliciar com o jantar. Uma moça transitava de um lado para o outro e estava esfuziante. Um vestido longo, listrado na vertical, arrastava pelo chão e uma grande faixa prendia sua cintura. Parecia ser a convidada mais feliz daquela festa. Uma senhora mais recatada falava baixo e fazia pequenos comentários sobre os problemas pelos quais o mundo estava passando.

Ao longe ouvia-se grandes gargalhadas e o burburinho de jovens, amigas da noiva, que se preparavam para as fotos.

Chegou a hora dos doces. A mãe buscou rapidamente um tabuleiro. Abriu um armário, gasto pelo tempo, e dele retirou pequenos pacotes cheios de doce. Encheu o tabuleiro e começou a oferecer para os convidados.

A convidada não resistiu a tanta delícia em pequenos quadrinhos. Doce de leite. Foi a culminância do momento. Doces!!! A anfitriã lembrou-se de avisar que não se esquecesse de levar uns doces para os que ficaram em casa. A tentação era muito grande e a convidada certamente sairia daquela festa com pequenos copos descartáveis repletos de doces.

Sob este enfoque a convidada não imaginava o que estaria por vir. A anfitriã aproximou-se dela com pequenas flores com mensagem de agradecimento por ter vindo. Olhou para aquela flor, feita de forma artesanal com tanto capricho e sorriu. Ficou tão balanceada com aquele cuidado especial.

Era o desfecho perfeito para um momento tão singelo e sublime. Ainda sorrindo, levantou-se e pegou seus copos de docinhos. Era hora de voltar para casa.

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 23/11/2020
Reeditado em 21/09/2024
Código do texto: T7119012
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