O FÍGADO FOI PRO SACO

O Carmelo, um parente afastado do meu pai, nascido em Januária, norte

de Minas, tinha problemas mentais e se tornou andarilho por natureza.

Juntava umas tralhas e caía no mundo. De vez em quando surgia aqui em Belô/MG, vindo não se sabe de onde, barbudo e cabeludo, arranchando-se

na casa do meu tio José Augusto. Ficava alguns dias e depois sumia!...

Certa feita, foi parar defronte ao "QG" do Corpo de Bombeiros, nos altos

da Avenida Afonso Pena e se instalou por lá. Chegou uma viatura mili-

tar, ele foi levado pelos homens para dentro, deram-lhe uma ducha gelada,

cortaram-lhe o cabelo, fizeram sua barba e depois o soltaram.

Ele retornava à nossa casa, ficava mais um ou dois dias e sumia de novo,

deixando todos a ver navios. O tio Juquinha, cunhado do meu pai, que era

enfermeiro prpfissional, chegou pro meu velho e disse:-

"- É, cunhado, não adianta, sabe? Esse não tem mais jeito. O fígado dele já foi pro saco, ouviu?..."

-o-o-o-o-o-o-

B.Hte., 23/11/20

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 23/11/2020
Reeditado em 23/11/2020
Código do texto: T7118537
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