BOLSONARISMO E EVANGELICISMO
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito por um reduto de insatisfeitos com o estado de corrupção que se apossou no Brasil nas últimas décadas. Seu discurso radical, condenando a corrupção, a ideologia de esquerda e defendendo um governo de mão pesada contra o crime agradou grande parte da população, e em muitos pontos, encontrou sintonia com os princípios defendidos pela igreja, protestante e católica.
Bolsonaro declarou-se liberal em relação à economia, defendeu o combate acirrado ao crime, falou em armar o cidadão comum para que pudesse defender sua família e prometeu romper com toda a linha ideológica da esquerda, incluindo nesse item o combate à militância LGBT, o combate ao uso da arte para promoção da sexualidade, às organizações sociais de defesa ao meio ambiente e a política indianista.
Marido de uma evangélica, Bolsonaro acabou caindo na graça do povo gospel. Mas ele mesmo nunca foi evangélico. Por isso, adotou um discurso que agrada pastores e padres. Atualmente, frequenta os redutos da igreja católica e não perde uma oportunidade para ajoelhar-se diante de quem queira impor as mãos sobre ele, declarando “aceitar Jesus” sempre que lhe perguntam se deseja fazer isso.
Na verdade, Bolsonaro tornou-se um mito por causa do uso que faz das mídias sociais. Com um discurso contundente, diz o que seus adeptos desejam ouvir, e acaba tendo suas mensagens radicais replicadas de grupo em grupo. Essa característica faz dele um político perigoso. Ele pratica o que pode ser chamado de demagogia popularista radical de direita.
E quanto a sua alegação religiosa? “Deus acima de tudo”? Na verdade, Deus não precisa de Bolsonaro. Nem a igreja precisa dele. Como pastores, precisamos entender que o Reino de Deus está acima dessa relação cáustica da igreja brasileira e esses oportunistas evangelicistas. A proximidade de Bolsonaro com os evangélicos atrapalha mais do que ajuda.
Está na hora do povo evangélico deixa de lado o bolsonarismo messiânico e entender que a Paz de Cristo é diferente daquela que o mundo promete dar. Porque nem mesmo paz esse presidente se compromete a proporcionar ao nosso país.