Ela se for ela

Com dezoito anos ela resolveu sair de casa. E namorou um rapaz desde o quatorze anos e fora feliz com ele. E não tiveram filhos, pois os dois usavam preservativos e não queriam ter filhos. Ela tomava injeção anticoncepcional e ele camisinha masculina todas as vezes que dormiam. E ela ficou por dois dias errados sem tomar a injeção e ficou grávida, pois neste dia a camisinha estourou. E o rapaz se chamava Ceres e ela se chamava de Neurítica. E resolveram morar juntos ambos os pais dos dois pagaram para cada um, um curso superior. Ela fez administração e ele jornalismo. E em quatro anos aos vinte e dois estavam já formados ambos. Já o filho o fruto do casal a mãe dela cuidou a avó. E passeava todos os finais de semana num parquinho com brinquedos. E o filho era o bom Samuel e vivia aprontando brincadeiras aos pais. E com dois anos Samuel foi para a educação maternal. Quando o pai de Samuel foi busca-lo o colocou na cadeira com cinto de segurança no carro. Ao entrar pela rua direita da escolinha um carro atravessou o farol vermelho e bateu no carro de frente. Imediatamente foi atingido pela carcaça do outro automóvel e mesmo com cinto no motorista ele morreu em seguida. O homem que bateu no carro saiu correndo e fugiu sem prestar ajuda. Neurítica chorou pela morte do marido e ficaram seis meses sem trabalhar. O filho lembra depois de sete anos como morreu o pai querido. E Samuel ficou depressivo com dez anos e passou a tomar antidepressivos e ansiolíticos, pois tinha dificuldades em se dormir. Já a mãe Neurítica estava com transtorno bipolar e tinha lapsos de memória perdidas. O homem que matou o pai de Samuel fora preso e ficou quatorze anos retido e detido. E ele ao sair foi pedir perdão a ela e o filho pelo acontecido. E hoje Neurítica não vive somente sobrevive a base de remédios e o filho juntamente. Ela vive com uma aposentadoria de três salários mínimos e o filho com dois. Samuel falava para a mãe que queria ser bombeiro como aquele que socorreu ele e o pai falecido no carro. E aos dezoito anos entrou para a academia. A mãe se inspirava no filho para ser feliz, e inventava novas atividades todos os dias desde levantar pesos, fazer exercícios físicos ou correr pelo bairro. E Samuel aos vinte e quatro se tornou um bom bombeiro. E se casou com uma bombeira chamada de Raquel e a partir daí foram muito felizes. E acordava todos os dias às quatro da manhã e acabava o turno às seis da tarde. E tiveram uma casa simples e mais modesta com o longo dos anos e conseguiram ter dois filhos com sete e nove anos hoje. E se chamavam Ermínio e Flácido de corações honestos e sensatos. E Raquel era devota de Santa Rita e emocionava a ela sua família; e com trinta e nove anos Samuel já estava casado com Raquel e tivera dois lindos filhos hoje crescidos. A mãe de Neurítica se chamava de Avozinha e o pai Avozinho. E viveram os seis em graça e felicidade com esmero portento. De cada momento de que somos o que plantamos assim são eles e elas.