O mundo com a roupa do avesso
Simplesmente há falta do que dizer num tumultuo assim. É essa quarentena sem previsão de fim. É o mundo virando do avesso. É o lado obscurecido de dentro, daquele lado escondido que se revela de repente num formato estranho aos sentidos. Desnorteia a reação de combate a esta letal e invisível novidade que perpassa a pele e ameaça matar a todos. No reverso de si mesmo, o mundo olha para todos os lados, vê suas terras dispersas num imenso oceano e tem a nítida sensação de que nada está protegido. Consciência ele tinha de que continha muitas falhas, umas mais graves que as outras, e o foco sistemático na produção em massa fez com que não se preocupasse com o amanhã, não imaginou que um dia viraria do avesso. É como se percebesse só agora que a roupagem por dentro estava mal feita, sequer tinha um forro, e que a costura estava alinhavada na ‘beirinha’ para economizar tecido, deixando muito pouca margem de manobra para se conseguir, de imediato, numa situação como esta, uma reforma partindo de dentro.
O clima está sufocante e as pessoas que neste mundo vivem entroncam os olhos e veem tudo distorcido, é que nunca tinham notado, desta posição contrária, reversa, como elas próprias também estavam por dentro. O quão falhas eram suas forças, e mal delineadas suas estruturas. De fora, parecia tudo tão simples, não se precisava de muito, apenas um pouco de criatividade, e uma visão crível no espelho, seja o de vidro, seja no outro indivíduo, era o suficiente para se obter a permissão de circular vida afora, automaticamente, inserido num padrão permissível.
Esse grande globo, com seus problemas aqui e acolá, sempre com a tendência de não se curvar, deixou de enxergar as falhas na parte sul de sua esfera, mesmo sabendo que novas medidas precisavam ser tomadas. Entretanto, não se curvando, deixou de ajustá-las, ficou quieto… afinal, por estarem abaixo da altura dos olhos, as falhas sempre puderam ser disfarçadas, bastava desviar a atenção para as valiosas joias e belas gravatas adornando o pescoço no Norte para não precisar olhar a barra da saia ou da calça no lado Sul. Não sabia que o conjunto um dia seria tão importante para o todo não afundar.
Temos que usar a máscara, pena que só a comum, a de tecido, a que tapa apenas a boca e que nos força a economizar a fala, abrir mão das palavras supérfluas. O silêncio é agora bem-vindo. Só se fala o estritamente necessário… Os olhos expressam mais verdade que a boca, por isso ela já agora se cala. Pois que caminhamos para a reflexão de não ter olhado a roupagem por dentro e encarado os defeitos deste mundo, pois que visto do avesso, mostra bem mais as falhas: “Se tivesse dado dois dedos de pano para cada parte e uma costura mais forte onde o reforço era necessário…” diz ele arrependido “é que assim não vou aguentar, vou acabar rasgando.
E vai…
O mundo não será mais o mesmo. A roupa efetivamente será rasgada por dentro, e por completo, pois não há espaço, não foi deixado um pedaço de pano necessário para que ela pudesse ser reformada. Fatalmente irá se romper, virará um trapo. E o que fazer com este resultado, a não ser procurar quem tenha a habilidade necessária: aquela de saber fazer ressurgir desse trapo uma roupa nova para ser usada.
E há quem a tenha. Seguramente boa parte desses privilegiados estará em meio aos que justamente estavam por baixo. Eles emergirão com suas gambiarras e truques mágicos e salvarão este mundo, como sempre fizeram, só que dessa vez serão reconhecidos e revelados. Recriarão a esperança do nada, ou melhor, do trapo. Farão roupas diferentes, preparadas para ultrapassar a deterioração do tempo, reforçarão as costuras com linhas fortes para que nunca mais elas se rasguem, e as passarão para outros, como sempre fizeram, sem desperdícios, nem privilégios.
Talvez assim o mundo aprenda finalmente a lidar contra os males invisíveis pois a força sempre virá de dentro e dos que sabem verdadeiramente lutar.
Somente o tempo vai revelar…
Maior - Música de Dani Blank
Eu sou maior do que era antes
E sou melhor do que era ontem
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Eu sou maior (Sou maior)
Do que era antes (do que era antes)
E sou melhor (Sou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem)
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Eu sou maior (Sou maior)
Do que era antes (do que era antes)
E sou melhor (Sou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem)
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
As cores mudam
As mudas crescem
Quando se desnudam
Quando não se esquecem
Daquelas dores que deixamos para trás
Sem saber que aquele choro valia ouro
Estamos existindo entre mistérios e silêncios
Evoluindo a cada lua a cada sol
Se era certo, ou se errei
Se sou súdito, se sou rei
Somente atento à voz do tempo saberei
Eu sou maior (Sou maior)
Do que era antes (do que era antes)
E sou melhor (Sou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem)
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
As cores mudam
As mudas crescem
Quando se desnudam
Quando não se esquecem
Daquelas dores que deixamos para trás
Sem saber que aquele choro valia ouro
Estamos existindo entre mistérios e silêncios
Evoluindo a cada lua a cada sol
Se era certo, ou se errei
Se sou súdito, se sou rei
Somente atento à voz do tempo saberei
Eu sou maior (Sou maior)
Do que era antes (do que era antes)
Estou melhor (Sou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem)
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Eu sou maior (Sou maior)
Do que era antes (do que era antes)
Estou melhor (Sou melhor)
Do que era ontem (do que era ontem)
Eu sou filho do mistério e do silêncio
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Somente o tempo vai me revelar quem sou
(…)
Somente o tempo vai me revelar quem sou
Somente o tempo vai me revelar quem sou