Black and White Lives Matter

O auriverde pendão da nossa terra, balança sob o sol e o vento, mas ainda se envergonha por ser o manto que cobre a infâmia e a lama gerada pelo racismo. Nem as lutas do passado, nem o espanto do presente conseguiram destruir a dureza das argolas dessa corrente.

Essa não é apenas uma alusão ao poema de Castro Alves, Navio negreiro, é a pedra que ainda machuca a carne de todos nós, sejamos as vítimas ou os algozes, ninguém sai imune desse vil tratamento maculoso e nefasto a todos.

Podem até dizer que isso já é causa e discurso desgastado e ultrapassado e que as reverberações das lutas dos negros durante a história é repetitiva e demagógica, mas, infelizmente, a verdade que explode diante dos nossos olhos todos os dias, não perde em crueldade para aquela citada pelo poeta em 1869.

O que ocorre mesmo é a visão negacionista da realidade. Seja nas mídias, nos meios de comunicação, presenciamos, a distância ou de perto, o racismo se manifestar, desde os casos que vão, decrescentemente, da violência horripilante , até o mais velado e inexpressivo ato de nojo e repúdio às pessoas pretas.

Vemos casos que vão desde mortes a um pedido de um cliente para ser atendido por outro rapaz “mais clarinho”, em vez daquele antes determinado para atender a sua a mesa no restaurante, ou , ainda, pela criança branca que se nega a pegar na mão da coleguinha preta na escola. Quem teria plantado essa semente aversiva no coração inocente dos infantes? O que chega a convencer essas pessoas de que elas são melhores do que outros e que aqueles são piores que elas?

Ao contrário do negacionismo, a luta tem que ser intensificada a cada dia para martelar a intransigência e a ignorância que ainda precisam ser destruídas , em nome do direito de ser gente e também para varrer , de vez , esse borrão e a sujeira do nosso quintal, porque o tempo passou, mas a evolução não aconteceu nesse âmbito.

Pobre povo que não reconhece nem os seus próprios valores e que não vê os seus irmãos como a si mesmos. Até quando vamos presenciar essas atitudes desprezíveis e aberrativas nas pessoas “ evoluídas”?

Será que as crianças nascem pensando assim? É claro que não! Quem faz essa maldade com os pequenos brancos? Precisamos educar a todos com informação e conhecimentos verdadeiros, de forma humanizada.

Educadores, mais uma vez, devemos aplicar o poderoso antídoto para a destruição incessante e diária do racismo, a fim de que um dia, todos possam se juntar para defender uma causa verdadeiramente significativa para o bem de todos, no momento em que necessitarmos.

Lutar em busca da valorização da consciência negra é uma ação de todos os dias e de todas as horas. A neutralidade e a indiferença diante do racismo também é uma forma de fortalecer esse vil tratamento com os nossos semelhantes. Tenho dito.

Professora Edneuda Pinto. Novembro de 2020