DEPOIS DO ALMOÇO
Foi depois do almoço, observando as formas como outros vivem e tendo nas mãos poucos instrumentos para mudar-me. Encontrava a cada cadastro na recepção fontes de egos intermináveis, gente procurando o documento "pago" da OAB para mostrar, enquanto o registro geral (RG) estava muito mais fácil de pegar, na cabeça dela - é preciso mostrar que me formei, que sou alguém dentro de uma sociedade e o meu trabalho é influente, logo, não sou mais um.
Com tais situações ando sabendo o que é realmente humanidade, o quanto se perde tentando ser alguma coisa, há de mudar tudo sim, e saber que coisas como os anos 80 nunca mais voltam, quem viveu, viveu.
Acordando e indo adiante dia após dia se sabe como o cotidiano nos rouba: é o mesmo vagão, o caminho das ruas, saudações, entrando na lanchonete sabem nosso pedido "clarinho meu patrão, o de sempre?". Aprendemos com toda resignação; é muito maior que a gente, com o que tudo do qual se aprende.
São as síndromes e as mitologias que comprovam a realidade composta, tanto individualmente, tanto logicamente. Uma transformação dificultosa, que espanta... passando a tarde você olha para os lados e a egolatria surta, as favelas com nomes de comunidades, o recolhimento de recompensar o cansaço do dia, suas tarefas feitas ou não. O acordo é esse, a crônica escrita de barriga pra baixo, o texto deformado e revestido de esperança talvez, talvez.
Torna tudo um pouco confuso, extraído do trabalho, das leituras torpes e das histórias que o povo conta à outro povo, que de boca em boca atravessa gerações e transições das quais eram para estar mortas a séculos outrora, que agora faz parte do contrato de conveniência proposto, dito isso - dormem todos os tolos que acreditam numa renovação.