QUANDO O AMOR VOLTA
(Escrito em 2009, foto do mesmo ano - Sentimentos validos ate hoje!)


Não existe um amor maior, mais desvairado, sujeito a "chuvas e tempestades", do que o amor de uma mãe. Este amor é forte suficiente para levantar uma montanha com as mãos.
E o mais significante é ver o crescimento deles e que o aprendizado surge com o tempo. Muitas vezes temos a sensação de que os filhos nunca vão aprender. Principalmente na fase da adolescência (a pior!) chegamos a pensar: "O que fiz de errado?"

No entanto com o tempo percebemos que nada fizemos de errado, apenas o adolescente tem a sua sede de vida, e nessa fase, (sem querer generalizar é claro), eles tem mais erros do que acertos.
Percebemos que todas as palavras que dizemos e que parecem muitas vezes ecos mudos, de repente florescem mostrando o crescimento e folhas verdes de esperança.

Fui visitar hoje minha filha na Faculdade.
Ela se formou em 2007 no Colegial (High School) e partiu para a Faculdade. Eu sempre a tive "entre minhas mãos", fui protetora demais, e por medo dela fazer algo errado, eu não a deixava respirar.
Onde ela ia, eu estava. Ia pegar, levar, buscar. O telefone então..o tempo todo torpedinhos, ligações, ela me relatava "cada passo que dava". E pelo menos eu "pensava" que tinha controle.

Quando se formou, quis morar em uma outra cidade, o que achamos bom, pois ela cresceria mais, e aprenderia a ser independente.
Depois tem o fato de sermos sozinhos aqui, e nao termos familia. Pensamos que seria bom seu "growing up" longe de nós.
No primeiro semestre da Faculdade foi um desastre! Esse anjo criou asas poderosas, voou muito alto, e quis se divertir ao máximo. Resultado: bomba!

Veio para casa no fim do ano, no Natal, quando soubemos que ela havia tido uma Suspensão Academica. Aquele Natal foi um desastre. Ficamos meu marido e eu aborrecidíssimos com isso.
A Faculdade pediu a ela uma carta escrita a mão, dizendo: "o que aconteceu que ela tirou essas notas, o que faria para melhorar, quais as metas que ela tinha na Faculdade....etc..."
Ela ficou uma noite toda escrevendo essa tal carta. Mandou para a Faculdade. Estava arrasada. E a chamaram para uma reunião.

Lá fui eu leva-la para Toledo (Ohio). Depois de muitas reuniões com diversos counselors, ela foi aceita com condições, ou seja, tinha uma certa nota que precisaria tirar, não poderia faltar a uma só aula, e algumas outras restrições que agora não me lembro.
E demos a ela a oportunidade de voltar (o nosso dinheiro do primeiro semestre foi para o lixo). Mas assim mesmo achamos que seria uma oportunidade para ver se ela desta vez iria para frente.

E foi! Tirou notas otimas, e se conscientizou que estava errada. Aquilo calou fundo nela ( e em nós também).
Mas ainda não havia acontecido a "mudança total". Ela ainda persistia em algumas coisas erradas, e ficávamos aqui, rezando e pedindo a Deus que ela entendesse que precisava mudar em muitas coisas.
Como é dificil assistir um filho, sabendo que ele precisa quebrar a cabeca para entender. Mas nao fomos assim?

E então esse tempo todo, rezamos, rezamos e rezamos! Pedimos muito a Deus que a iluminasse, que a fizesse perceber seus erros.
Além de tudo isso, ela nos tratava com indiferença total, como se fossemos apenas "os vizinhos", aliás, acho que nem na categoria de vizinhos estávamos! Era bem pior. Ela simplesmente nos ignorava.
Com o tempo isso foi mudando, se moldando... Primeiro ela não queria vir para casa nem nos feriados. Muitas vezes íamos buscá-la e ela vinha contrariada, chateada.

Com o tempo isso também mudou. De repente um feriado ela veio saudosa do seu quarto, de seu travesseiro, de suas antigas amigas.
Seu relacionamento com a gente havia melhorado. Mas ainda não estava como deveria ser.
Quando ela vinha, lá estava eu na cozinha preparando tudo aquilo que ela gostava de comer. Dávamos a ela carinho, amor, sempre tentando falar palavras positivas. Muitas vezes meu marido e eu longe dela, conversávamos sobre o assunto, trocávamos ideias, fazíamos planos, e pedíamos para Deus muita, mas muita paciência!

Hoje vemos que colhemos os frutos da nossa espera. E Deus nos escutou e muito!

No verão deste ano, ela veio ficar com a gente três meses. Pensamos que seriam os piores meses da nossa vida! Mas foram meses que nos mostraram uma realidade muito diferente.
Ela arrumou um emprego, trabalhou o verão inteiro, saiu com os amigos, amigas. Pedimos a ela que não voltasse tão tarde, e ela durante todo esse tempo, teve um tremendo respeito pelos horários. E por nós.

Ficando em casa esse tempo, se aproximou mais da gente, relembrou as histórias antigas, almoçou, jantou na mesa, sempre brincando, e lembrando de fatos que a marcaram.
Quando ela voltou para a Faculdade, sentimos muita saudade dela! (coisa que não sentíamos, sinceramente, há muito tempo!).

Depois disso, fomos visita-la esse ano algumas vezes, e cada vez que íamos voltávamos surpresos pelo progresso dela, pela mudança, pelo respeito com a gente, pelas conversas espontâneas e divertidas. Ela sempre foi uma menina muito alegre.
Hoje fomos visita-la novamente. E ela cada vez nos surpreende com uma coisa. O seu quarto que sempre foi aqui em casa "intransitável", tornou-se na Faculdade um quarto com tudo organizado, roupas, sapatos, tudo no lugar, dobradinho, direitinho. Do jeitinho que eu faco. Engracado ver isso. Dobrou tudo quadradinho nas gavetas, do jeito que sempre fiz.

Está tirando boas notas. Trabalhando muito. Foi indicada para a função de "Assistente de Gerente" onde trabalha, mas não conseguiu o lugar. Mas somente ter sido indicada para a função, já foi uma grande coisa.
Ela sempre foi extremamente responsável em seu trabalho. Não falta, se interessa pelo que faz, sempre tem aumento de salário, e agora sabe administrar seu dinheiro, comprando suas coisas, e tem ate um "cartão de credito" com um pequeno limite, que ela paga direitinho.

Voltamos hoje felizes. Felizes e realizados e pensando que nessa vida temos que ter paciência Muitas vezes não é sempre que tudo chega na nossa mão, e principalmente no momento que queremos.
Mas no momento certo! Como é dificil muitas vezes esperar por esse momento.
Esta foto tiramos hoje no quarto dela. Nos duas adoramos fotografias. Então posamos para muitas fotos, rindo, fazendo piadas, e passamos momentos muito significativos com ela.

O Roque aproveitou para correr suas milhas como de costume e nos deixou sozinhas para que conversássemos. E conversamos muito. Com muito amor uma pela outra. E a maior alegria é ver um filho assimilar aquilo que ensinamos. Esse é o maior presente!
Muitos me diziam: "isso acaba, isso é uma fase"... mas sabe quando a gente pensa que a fase nunca vai terminar?

Encerro com uma frase que acho muito engracada (e muito verdadeira) sobre a adolescencia:

"A adolescência é o período da vida em que os jovens se recusam a acreditar que um dia virão a ser tão estúpidos como os pais"
(Alex Gabriel Madrigal)

Procurem ter paciência com seus filhos adolescentes. Um dia eles voltam e de uma forma que vocês nunca acreditaram ser possível!
Eu não acreditava, mas agora, eu garanto! E todo amor volta com uma grande intensidade.

E eu assino em baixo!

 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 20/11/2020
Reeditado em 20/11/2020
Código do texto: T7116345
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