Medio-cre

Sempre achei curioso o uso dessa palavra para definir alguém. Medíocre deriva de "médio", que por sua vez, significa mediano. Vivemos em tempos, que tudo precisa ser tão espetacular, que ser "mediano" é uma ofensa. E nessa elevada padronização da realidade, os detalhes que importam ficam de lado. E se a razão compra essa ilusão, a emoção não acompanha. O que explica que em 10 anos, o número de depressivos tenha crescido mais de 100%.

Nos tornamos a linda vitrine (uns dos outros) de uma loja vazia por dentro. Inspiramos o desejo do outro do que não temos para vender. Resultado? Constante frustração e quebra de expectativas. Um consumismo emocional, que nos consome no processo.

Vivemos a era do marketing pessoal. É mais importante o seu currículo do que quem você realmente é. A estória contada vale mais do que a história vivida.

Um dia de chuva pode ser tão belo quanto um dia de sol, ainda que não renda uma foto. Porque não é o que você vê, mas a forma como escolhe enxergar. Está triste? Tudo bem! Você não é diferente, porque todos ao redor parecem sorrir! Muitas vezes, o sorriso esconde as lágrimas. O poeta Khalil Gibran já sentenciou: "O mesmo poço de onde sai o vosso riso esteve muitas vezes cheio de lágrimas. E como poderá ser de outra maneira? Quanto mais fundo a tristeza entrar no vosso ser, maior é a alegria que podereis conter."

Como diz o dito popular: "Quem está na chuva é para se molhar". Então se molhe! Dance na chuva! Mesmo que não possa mostrar isso para mais ninguém. Fotos desgastam com os anos, a lembrança não.

Não tema ser medio-cre! Estar na média é aprender a viver no meio. O equilíbrio da balança no qual os dois lados importam. Se importar vale mais do que postar. Os melhores momentos só precisam de legenda para a "Imagem meramente ilustrativa".