Ópera de sábado à noite

Crônica: Uma ópera de sábado à noite.

Estou a contemplar da varanda, a chuva fina. A brisa vespertina chega suave e sorrateira. De repente, escuto um barulho vindo do interior da casa. Em segundos, o alarido aumenta. Agora, os meus tímpanos comprometem os sons fortes e intermitentes.

Resolvo entrar e tomar cabo do fato. Chego a cozinha. Percebo inquietudes vindas de dentro do armário. Tomo de súbito a minha mão à maçaneta. Logo, uma panela pula no centro da cozinha e diz ser a representante do concerto. Pergunto o motivo da revolta, e me coloco como mediadora do conflito. Entretanto, outra vasilha, também se manifesta dizendo concordar com todos os pontos discutidos, inclusive com a participação das colheres de pau à opera das vinte horas. Logo, decididas e compenetradas, saem do armário e marcham em direção a janela da sala grande. Procuro evitar o acontecimento. Inútil.

Agora, estão todas lá, enfileiradas. Nesse momento, escuto um sonoro ensaio:

"A gente vai se ver na Globo!"

By: Vitória Régia Sarmento de Abrantes

May, sixteen, 2020

Sarmento Vitória Régia
Enviado por Sarmento Vitória Régia em 18/11/2020
Código do texto: T7114945
Classificação de conteúdo: seguro