FILHOS, CONSCIÊNCIA E VOO...EU VOAVA

"_ Mãe, de agora em diante, você está proibida de subir em banquetas, lavar janelas de banheiros, blá blá blá...

O que mais chega no PS é resultado de acidente doméstico... blá blá blá..."

A filha corroborou as ordens.

Fiz que não ouvi. Só me faltava essa, pensei, filhos querendo me dizer o que devo, ou não, fazer.

Lépida (também pensei) e fagueira (o pensamento nos ilude), lá fui eu guardar cobertores nas alturas dos maleiros.

Era bem cedo desta manhã, ajeitei a escadinha, peguei logo dois cobertores e um edredom e com eles subi. Descobri, em segundos, que não fora boa ideia.

Não sei o que aconteceu, quando me dei conta, a escadinha estava tombada e eu... cheia de pancadas e de dores.

Admito que os filhos têm razão (em quase tudo) e que acidentes domésticos são corriqueiros. Eles, os filhos, sabem que sou teimosa e que penso (ah, esse meu pensamento!) ser ainda a mocinha que pulava portões e subia em mangueiras, para fingir que voava em um avião verde. Acreditem: eu voava!

Meus filhos também sabem que sou osso duro de roer e... se assim não fosse, hoje bem cedinho, eu teria sofrido grandes perdas ósseas.

Agora, já não penso, tenho certeza, aliás, de que alguns voos já não posso alçar e de que as panelas de pressão também levam muitos acidentados para o PS.

A partir de hoje, não obedecerei as ordens dos filhos, mas a todos os ditames da minha consciência: voar em mangueiras com o vento na cara, jamais!

Dalva Molina Mansano

17.11. 20

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 17/11/2020
Código do texto: T7114229
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