Devaneios

Estava no ônibus indo para o trabalho naquele dia, e ao longo do trajeto estava imersa em meus tantos devaneios sobre existência, clássicos (ou não). Estava na Zona Sul de São Paulo ouvindo São Paulo, da Agnes, nos meus fones pretos com o detalhe: a borrachinha da orelha era branca. Isso fazia toda a diferença.

Parei um pouco e contemplei as pessoas ao meu redor: tinha um moço branco, relativamente novo tirando a cutícula no lugar dele. Pensei: não sei nem o que pensar sobre isso. Voltei a observar as pessoas ao meu redor.

Tinha um menino do meu lado que parecia ter a mesma idade que eu. Era preto, como eu, e estava deslizando o dedo naquela tela de vidro que todos usamos hoje, inclusive eu estou usando agora, e você provavelmente estará usando para ler isso.

Agora tocava Nirvana nos meus fones de detalhes brancos. Eu sempre digo que meu gosto musical é diverso.

De repente meu mergulho em meus pensamentos me trouxe uma angústia que morava em um lugar desprovido de iluminação em meus pensamentos: eu pensava constantemente em deixar minha marca pelo mundo, não queria ir embora sem deixar minha marca nesse planeta azul que chamamos de Terra. Talvez meus devaneios me levem a caminhos inesperados, pensei.

Talvez sejamos mesmo estrelas perdidas tentando iluminar a escuridão.

Natalia Barban
Enviado por Natalia Barban em 17/11/2020
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