ACASULAMENTO
Passando pelo Centro de Teresina – capital do Piauí, estado nordestino – pela janela do carro, observei as pessoas buscando voltar às suas rotinas normais e falei comigo mesmo: – talvez agora não exista normal, mas sim um novo normal. Lembrei-me de uma frase que li em algum lugar, que não lembro onde foi, que dizia assim: “Foi preciso usarmos máscaras para nos olharmos nos olhos”.
Fiquei intrigado com o que li, porque me fez refletir exatamente sobre as mudanças pelas quais passaremos devido aos efeitos do inimigo invisível, com sua “coroa de rainha” – rainha má como a Vermelha de “Alice no país das Maravilhas”, que vem inquirindo vidas, em um grito desesperador: “– Cortem as cabeças!”.
Na realidade, o que se cortam são as relações presenciais: de amizade, de amor, de companheirismo, de calor humano. Sem contar aquelas relações que tem sido levadas, deixando-nos a saudade dos bons momentos.
Estamos vivendo um momento de “acasulamento”, período gestatório no qual estamos como lagartas num casulo, isoladas em situação de transição, de “lockdow”, aguardando um final feliz, que, para ser feliz, necessita de uma transformação: se antes da pandemia éramos lagartas, que depois dela sejamos borboletas!