Hipócritas!

O termo "Hipocrisia", do Grego, "Hupokrisía", designa o desempenho de um papel, é, portanto, uma palavra originalmente utilizada no contexto teatral, no qual eles, os gregos, foram verdadeiros mestres. No entanto, o termo logo transcendeu os limites da Tragédia e da Comédia dos palcos e ganhou o cotidiano das pessoas comuns. É o que acontece com as palavras versáteis: elas conquistam as graças do povo exatamente porque conferem poder de expressão, porque dão ao João e à Maria meios de exprimir o que sentem de uma forma melhor, mais precisa. Isso satisfaz, evidentemente. O hipócrita é aquele indivíduo no qual o ser e o fazer divergem. No palco é o ator que interpreta o herói ou o vilão, mas que, ao baixar das cortinas, regressa para a sua vida real, para o seu eu ordinário que não tem de assumir compromissos com os tipos encenados no espetáculo. E, aos olhos do povo, coube bem usar a palavra "hipócrita" para designar alguém assim, que interpreta o papel de amigável, por exemplo, fazendo mil e uma piruetas de elogios e votos de amizade e, no entanto, conserva, no mais íntimo da sua consciência, o intento da maldade. Percebe-se melhor a hipocrisia dos indivíduos quando estão em grupo, porque aí ganha força uma característica evidente de hipocrisia: a linguagem do politicamente correto. As hordas de jornalistas que, diariamente, mentem descaradamente na tevê é o mais bem-acabado exemplo disto. Eles falam, por exemplo, em nome da defesa da mulher num contexto no qual o Brasil é apresentado como um dos cinco maiores assassinos das fêmeas Homo Sapiens e -- pulo do gato -- enviesam o noticiário para criticar o governo "conservador". Ainda nesse exemplo, a reportagem segue listando as políticas de governos ocidentais que deveriam prestar mais atenção às minorias oprimidas. Contudo, os nobilíssimos jornalistas em momento algum citam o mundo islâmico e os países comunistas do Oriente, nos quais, como se sabe, não somente as mulheres, mas todos aqueles que ousam se opor ao cerceamento das liberdades individuais são perseguidos, presos e quiçá torturados por externarem seu sentimento de revolta. Isso demonstra claramente que a grande mídia está comprometida não com a verdade dos fatos concretos da realidade objetiva, mas com um emaranhado de mentiras, de meias-verdades e de jogos de palavras com o único intuito de perverter a percepção que o querido João e a querida Maria têm da realidade. São os lobos travestidos de ovelhas. Hipócritas!

Vitor Marcolin
Enviado por Vitor Marcolin em 15/11/2020
Código do texto: T7112572
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