O pai e o filho

O filho de 11 anos aproveitou um dos poucos momentos de seu pai em casa e o chamou para uma conversa séria. O pai, no entanto, não se mostrou nem um pouco interessado em atender ao pedido do filho. Mesmo assim, o jovem insistiu:

- Pai, eu preciso que o senhor me escute!

O pai estava concentrado no jogo de videogame e resmungou:

- Logo agora que eu consegui chegar na última fase, droga!!!

Mesmo com a atitude birrenta do pai, o filho continuou:

- Pai, o senhor precisa me dar mais atenção. O senhor nunca reserva um pouco do seu tempo para mim. Ou está no trabalho, ou está com os amigos do futebol, ou está jogando videogame... Lembra do que a psicóloga falou?

- Ah, não quero ouvir isso agora não. Eu não estou nem aí para o que aquela chata falou!!! – disse raivoso. E continuou: - Aliás, aquela psicóloga parece com a Fiona, do Shrek, não parece? - disse o pai, dando uma inesperada gargalhada.

O filho, de maneira séria, manifestou total desaprovação pela forma grosseira como o seu pai se referiu à psicóloga.

- Pai, eu tenho um enorme respeito pela senhora Mariluce. Eu não aceito que o senhor fale assim dela. Aliás, ela quer ter um novo encontro com o senhor - disse em tom intimidador.

- Ah, não estou com vontade de ouvir nada dessa bruxa, não!!! Manda sua mãe ir lá, que eu não vou.

- Mas, pai, o senhor precisa ir sim. É para o meu bem!!! As orientações dela são muito importantes para o meu desenvolvimento pessoal.

- Não me venha com esse papinho não, hein!!! Já disse que não vou. E me deixa eu jogar sossegado, ora bolas!!! – disse o pai, querendo pôr um basta na conversa.

O filho, ao perceber que não havia diálogo com seu pai, retirou-se da sala e foi para seu quarto. Enquanto isso, o pai voltava a olhar fixo para a televisão ao mesmo tempo em que suas habilidosas mãos guiavam seu joystick. Minutos depois, finalmente conseguiu zerar o jogo e comemorou sua façanha com os braços erguidos repetindo os movimentos característicos de seu personagem preferido de Pokémon.