Incursão à zona... eleitoral
Tarde tórrida cá no trópico de Capricórnio. Vi pais de família, avós, namorados e agregados indo e vindo da zona... eleitoral. Apesar dos palhaços que distribuíam, desesperados, como se suplicassem, os "santinhos" na porta do local de votação, era nítido o mau humor nos rostos dos transeuntes. Os palhaços, na verdade, contribuíam para azedar a tarde de todos, como se o calor miserável e o mar de "santinhos" que cobriam as ruas e as calçadas já não fossem o bastante. Ainda sobre os palhaços, porque não vale a pena falar sobre o resto, vi umas mulheres muito estranhas nas adjacências da entrada da zona. Trajavam roupas miúdas e, encostadas junto ao muro da escola, fumavam às baforadas, como se não estivessem sob o sol. Antes que eu superasse o limiar do portão, um desses serviçais desengonçados me abordou subitamente e, com um semblante apreensivo, como se soubesse de antemão que levaria um coice, estendeu um "santinho" para que eu o levasse comigo. Foi inútil. "Nossa, Vitor, pra que ser tão rude assim, meu filho?", disse a minha mãe. Não procurei me justificar. Não havia justiça, tudo se dissipou como as nuvens que, misericordiosas, tentavam nos abrigar do sol. É a maldição do 15 de novembro.