DIANTE DO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO
FUNDAMENTALISTAS: INIMIGOS DA EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE
Nelson Marzullo Tangerini
O escritor moçambicano Mia Couto disse, um dia desses, que estava preocupado com o que o Brasil está passando.
Imagino que chegue a Moçambique, como a outros países lusófonos – e não lusófonos – todas as imbecilidades do governo Bolsonaro, apoiado por endurecidos militares, evangélicos fundamentalistas, empresários capitalistas e neointegralistas.
O escritor está preocupado, talvez, pelo fato de ver o povo “deitado eternamente em berço esplêndido”, alienado e em silêncio diante de tudo de bizarro que está acontecendo no Brasil.
Assim como Clarice Lispector no conto “As crianças chatas”, “eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta”.
A ignorância não tem limites. Um grupo de radicais conservadores, incluindo o presidente, torcia pela vitória do arrogante e egocêntrico Donald Trump, aquele cão raivoso que chamou de terroristas todos aqueles manifestantes antirracistas e antifascistas que saíram às ruas para protestar contra o covarde assassinato de George Floyd.
Devemos questionar, e isso é um direito nosso, por que racistas, neonazistas, neointegralistas e fascistas, agem impunemente, enquanto antifascistas e antirracistas são considerados perigosos terroristas e são caçados pelos serviços de inteligência da América e do Brasil. Por que ousam chamar de Inteligência um órgão onde trabalham pessoas nada inteligentes?
Derrotado nas últimas eleições, Trump não reconhece a sua derrota para o democrata Biden. Seguindo o exemplo americano, afinal, “se é bom para a América também é bom para o Brasil”, o gado alegre e festivo bolsonarista, que segue o tresloucado, despreparado e iletrado presidente do Brasil, também não reconhece a derrota do patrão americano.
A imprensa brasileira, cheia de dedos, não é capaz de fazer uma crítica contundente a toda essa onda fascista que se alastra por todo o país – e todo o Planeta -, como uma pandemia nociva ao pensamento progressista - com exceção do Professor Marco Antônio Villa, um lúcido e destemido crítico do atual governo.
O presidente negacionista, que tem como ídolo um torturador, Carlos Alberto Brilhante Ustra, já deu provas suficientes de desequilíbrio mental. Mas é aplaudido por uma legião de militares e fãs, saudosos dos “bons” tempos da ditadura militar, que deixou um histórico de seres humanos sumariamente torturados e mortos - muitos desses mortos estão desaparecidos para sempre.
Crítico ferrenho deste desastrado governo, fui muitas vezes silenciado pelo Facebook.
O supremacismo racial, a liberação de armas de fogo, o conservadorismo, são sinais “claros” de que o país caminha a passos largos para o fascismo. Repete-se, aqui, no Brasil, o mesmo discurso de Mussolini, Hitler, Franco, Salazar e Marcos, se não citarmos os carrascos que governaram com unhas de ferro países das Américas do Sul e Central.
O que fica mais evidente, a cada dia, e isto daria uma tese de Mestrado ou Doutorado, é a união fraternal entre religiosos fundamentalistas e milicianos – estes, fortemente armados e sedentos de poder e sangue humano.
O discurso desses sádicos fascistas é “claro”: tentam nos fazer crer que a democracia não dá certo, enquanto sonham com a volta da ditadura militar, que torturou e matou, impiedosamente, índios e crianças.
A liberdade é guerrilheira; a liberdade os incomoda. O autoritarismo adormecido em seus corações de pedra reaparece de forma violenta, assassina, liquidando opositores, cientistas, artistas, índios, negros, mulheres e gays, como foi o caso da vereadora Marielle Franco, covardemente assassinada por milicianos.
O que fazer, quando a educação libertária e libertadora não entra na cabeça dura desses cavalgaduras?
Desprovido de inteligência, leitura e, portanto, de cultura, o negacionista, como diz a palavra, nega o holocausto, a escravidão, a ditadura militar, a ciência.
Mas, enquanto aqui na terra estão jogando futebol, enquanto os jornalistas esportivos alimentam a alienação do povo, sigo o exemplo de Clarice: não tolero a resignação e alimento com fome e prazer a minha revolta.